segunda-feira, 26 de abril de 2010

Uma batalha foi vencida contra a falta de água potável

Nos anos 90 em plena era da qualidade total o guru da gestão da qualidade Noriaki Kano numa conversa informal foi questionado sobre o futuro da gestão, ele responde, "Sobre o futuro da gestão não tenho nenhuma previsão, mais uma coisa posso ter certeza que vai faltar água, vai". O artigo da revista Negócios (Época) "Água Doce e Mais Barata" de Karla Spotorno traz uma notícia importante para os países que tem problemas com falta de água. Por um lado A Organização Mundial de Saúde apresenta algumas estatísticas assustadoras. Atualmente são mais de 1,2 bilhões de pessoas não dispõem de água potável e se não for feito nada até 2025 o número pode chegar a 1,8 bilhões. Por outro a start up SLATWORKS de Ben Sparrow que após 6 anos de trabalho, melhorou em muito o desempenho do processo de dessalinização, que na atualidade é muito caro pelo alto consumo de energia durante o processo de dessalinização. Esse desafio foi vencido por Sparrow, onde sua solução tecnológica conhecida como termoionica, gasta menos de 80% de energia (elétrica e mecânica) que os processos convencionais atuais.
Acredito, com o tempo este tipo de proposta aumentará o seu valor de mercado. Todos estamos conscintes de que a água se tornará na matéria prima mais valorizada do planeta. Em outras palavras, quando o problema da falta de água se tornar mais profundo, afetando a economia mundial e se tornar em mais um dilema global e um assunto de sobrevivência de muitos, com efeitos sobre as questões geopolíticas como é o caso do petróleo. Este tipo de tecnologia e seu modelo de negócio podem mudar drasticamente o quadro e se tornar numa solução a vários problemas de falta de água ou também podemos fazer como sempre fizemos os "seres humanos", terminaremos complicando mais as coisas.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Inovações Radicais de Florianópolis para o Mundo

É muito interessante ver empresas de tecnologia brasileiras peitando gigantes como Microsoft, é o caso da Sábia Experience resultado de um spin-off da Fundação CERTI. A Sábia faz parte de um seleto número de empresas que desenvolve produtos baseados em tecnologia multitouch. A sua trajetória é cheia de conquistas e diametralmente atual neste mercado de players de peso.


Em 2007 quando a Apple lançou o iPhone colocou em evidência o grande diferencial das tecnologias multitouch. No mesmo ano a Microsoft lançou o SURFACE formalmente, produto sendo desenvolvido baseado em uma idéia gerada em 2001 que somente em 2003 consegue o seu primeiro protótipo após aprovação do próprio Bill Gates.
Um personagem que mudou totalmente o cenário em torno do conceito multitouch é o famoso Jeff Han, o gênio por traz da magia do que é possível com esta inovação tecnológica. Em fevereiro de 2006 Jeff se apresentou no TED, tornando-se em um dos vídeos mais acessados no Youtube.
Um pequeno parênteses, Jeff representa um daqueles famosos lead-users que Von Hippel ensina em suas aulas e livros como a fonte de grandes inovações.
Atualmente a empresa Perspective Pixel do genial Han é contada como o líder em soluções de qualidade desta fascinante tecnologia. Especialistas da iSuppli a apontam como a mais promissora de um mercado de aproximadamente US$ 4,4 bilhões em 2012. Para um mercado deste tamanho as titulares estão realmente determinadas por uma fatia deste mercado. As minhas pesquisas apontam que o número de entrantes continua a crescer, atualmente são 15, em 2007 eram somente oito. O notebook eCog concorre em um mercado em crescimento seja de mercado e concorrência. O jogo é duro, um exemplo disso é a própria Microsoft mostrando suas garras com um pesado merchandising no filme "O Dia Que a Terra Parou", isto mostra o tamanho da encrenca para os novos entrantes. Ao mesmo tempo temos a veterana em produtos de educação a Smart Technologies, que lidera em produtos multitouch (quadros brancos e mesas interativas) voltados para educação e treinamento, ela possui um modelo de negócio orientado a uma proposta de alto valor criando uma experiência e tecnologia razoavelmente robusta e de alta qualidade.
Com este cenário percebo que nestas condições o design dominante está quase escolhido. Percebo que para a Sábia a tarefa agora é se tornar competente na criação e implementação de um modelo de negócio que crie sustentabilidade. Um componente importante do modelo de negócio onde deve ser prestado atenção é a definição da proposta de valor onde os softwares devem acompanhar consistentemente o produto. Os apps são fundamentais para este tipo de produto. Inovações integrando hardware e software, criando uma experiência realmente convincente são a chave para este tipo de negócio e fundamentais para manter o produto fora das commodities. Pelo que li nos jornais estão sendo criadas alianças estratégicas com desenvolvedores de apps. Acredito que aqueles famosos convênios de cooperação não são suficientes para criar compromisso de criar um modelo de negócio sustentável. Acredito que deva ser considerado seriamente a abordagem de inovação aberta como atividade chave, ou seja a gestão da inovação é um daqueles processos fundamentais dentro do sistema de atividades que define a estratégia do negócio, é minha pequena e humilde sugestão.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Na busca do Design Dominante: Os e-readers

Pessoal, estamos testemunhando na prática o modelo da dinâmica da inovação desenvolvido por Abernathy e Utterback em 1978.


Após o lançamentos dos primeiros E-books que não colaram, o surgimento do Kindle da Amazon (com sua proposta de valor razoavelmente convincente) e a pouco tempo surge um novo tablet, o iPad da muito aclamada e temida Apple junto com um conjunto de diferenciais dirigidos aos consumidores de informação multimídia. Estes novos produtos sendo lançados no mercado de forma sistemática com um comportamento do mercado ainda em estado contemplativo sobre os lead users, mostra que o design dominante do e-reader ainda não foi escolhido pelo mercado, mesmo com o Kindle que cresce em vendas de forma consistente e mostra bons resultados na venda de livros em bits, pela reação do mercado ainda estamos em processo decisório.

Estamos na fase transitória como descrito pelo modelo, onde o mercado define qual é o design dominante, como aconteceu com a maioria das inovações de grande influência na vida das pessoas, por exemplo os automóveis, máquina de escrever, o PC, o VCR, etc. As tecnologias são disponíveis que tornam possível estes magníficos instrumentos como é o caso do touchscreen, especialmente o papel e tinta eletrônico da líder E.Ink ou as telas luminosas LED brilhantes como é nova proposta feita pela Apple.

A Forrester Research em seu relatório de 2009 mostra que passamos da fase fluida e entramos na fase transitória :

How Big is the eReader Opportunity?:

“The eReader market is hot: Barely a day goes by without an announcement of a new device release or acquisition. Amazon.com, leveraging its position as a dominant book retailer, has catalyzed the market for eBooks, but that’s just the beginning of the eReader revolution. Competitors will attack Amazon’s market position by launching new features, expanding content beyond books, dominating markets outside the US, reducing costs, and improving relationships with publishers. While frequent book readers drive device and content sales today, the next five years will see an explosion of the eReader textbook market, and in 10 years, the market will be driven by businesses going green in government, education, health, and other sectors. With retailers, mobile operators, and device manufacturers all vying for a piece of the eReader action, publishers should proactively shape their own eReader opportunity — or miss their last best chance to control their own destiny.”

O gráfico abaixo mostra a formatação da fase fluida e de transição.


A maioria dos e-readers lançados são suportados por modelos de negócio, alguns destes, como são os casos de modelos próprios dos grandes representantes da indústria da TI e com poder de bala, são a Amazon.com (Kindle) e a Apple (iPad) em formatação. Quem ficar no meio do tiroteio sem bons mecanismos de defesa pode sucumbir durante o processo de definição do design e modelo de negócio dominantes. Outros modelos de negócio são o resultados de alianças estratégicas entre as grandes, como são a Sony, Barnes & Noble e com e-reader Nook, Microsoft, HP, Google, ASUS, Sangsung, Philips e outros pequenos como é o caso da própria eInk, Skiff, IREX, JetBook entre outros entrantes. Os titulares no mundo editorial, jornalístico e os milhares de autores atualmente sobrevivem no mundo dos átomos, se movimentam para definir seu posicionamento, não apresentando ainda modelos mais convincentes do que Amazon ou o que a Apple pretende tornar viável como fez com a indústria da música com o iPod e o iTune. Porém, os componentes da cadeia ainda apresentam grandes temores com o modelo de negócio que mostra ser mais uma areia movediça para a indústria da informação no universo dos bits. O maior temor está no exemplar mundo da música e temem que aconteça o mesmo com os livros, revistas e jornais impressos, que surjam quebras na cadeia e que os conceitos dos negócios como os conhecemos não consigam mudar, é o caso do jornalismo e os novos players como são os bloggers e do papel dos editores no mundo dos livros eletrônicos, sem falar no que acontecerá com os produtores de papel. Como é sabido no universo dos bits a capacidade de produção e replicação são infinitas à velocidade da internet, como também a capacidade de distribuição global em segundos. Esta realidade conduz à idéia de não conseguir criar modelos de negócio com um modelo de receitas consistente que consiga remunerar os produtos e serviços de qualidade. A opção sendo discutida atualmente no mundo editorial é o modelo de receitas baseada em micropagamentos e transações online. Acredito que tudo isso deverá passar por uma revisão muito profunda dos modelos e seus componentes. Ainda dá tempo, não se pode esperar muito pela mudança ou ser pegos de calça curta como a indústria da música que acreditava que estava na indústria de CD´s.

(ver: UTTERBACK, J.M. Dominando a Dinâmica da Inovação. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1996).