sábado, 26 de dezembro de 2009

Inovar para sair da Comoditização

Antes de mais nada, aconteceu um problema de falta de atenção no post (Inovação e a Escola do Futuro) que fiz em dezembro porém entrou na lista de novembro. Bom essas coisas acontecem para os blogeros leigos. Desculpem pelas falhas.
Estava com um tema de gestão estratégica na cabeça a um bom tempo. O ano termina daqui a pouco e quero deixar alguns pontos importantes para aqueles que estão revendo seus negócios ou sentem que a coisa não está indo bem no empreendimento. Este ano analisei vários negócios e sua capacidade de sustentabilidade e o dilema da comoditização está presente e avança rapidamente para alguns e para outros é gradual e lenta.

Novamente usarei o modelo Kano para mostrar o processo que acontece com os produtos no tempo. Este comportamento é tiro e queda na maioria dos produtos. Com o tempo os atributos de qualidade do produto evoluem graças ao surgimento de novas características que geram novos parâmetros de satisfação, ao mesmo tempo há mudanças nas exigências dos clientes. Estes atributos normalmente nascem como atributos atrativos ou caracterizados por serem uma novidade aceita que gera satisfação quando presente. Depois evoluem e caem na boca do povo e se tornam lineares ou são exigidos pelos clientes e na sua falta cria insatisfação e quando presente satisfação. Com o tempo passam a ser obrigatórios exigidos como compulsórios, sendo assim a sua presença é considerada obvia e sua ausência gera insatisfação.


Este processo de evolução comum podemos chamar também de comoditização. No caso de modelos de negócio existe também um comportamento que conduz à comoditização do modelo. Porém o que temos aqui é um negócio com baixa capacidade de diferenciação onde o preço se torna o único parâmetro de comparação que o cliente percebe entre as diferentes ofertas.
O modelo de Teece mostra com claridade as duas variáveis que afetam o modelo de negócio e sua capacidade gerar lucro de forma convincente. Uma é a variável da Propriedade Intelectual (PI) ou da Inimitabilidade e a outra é do Domínio de fatores graças a ativos complementares. Para exemplificar a Gillette-Sensor e Mach3 (QIV), Apple, Dell e Dupont-Nylon (QIII), Coca Cola (QII), Tendência do Jornal Impresso (QI), são alguns poucos exemplos.
(Q: Quadrante).



Para analisar usamos a ferramenta do Business Model Canvas de Alexander Osterwalder. Esta ferramenta de modelagem serve para avaliar conceitualmente o modelo de negócio e cada um dos seus componentes.
Durante a análise se verificam os sintomas das ameaças da comoditização e com ajuda do modelo pode mostrar com claridade os sinais. O principal sintoma que normalmente passa desapercebido e que conduz a uma comoditização certa é quando acontecem mudanças na lista de prioridades dos clientes e o gestor nem equipe percebem as mudanças. É normal acreditar piamente que nunca deixaram de oferecer produtos e serviços de qualidade. Este único fato muda profundamente todo o contexto competitivo e a capacidade de ganhar dinheiro é afetado.
Os modelos de negócio se comoditizam essencialmente quando novas propostas de valor surgem por um concorrente ou um novo entrante no mercado, enquanto isto acontece você e os outros ficam paralisados no seu modelos mentais que acredita que amanhã será igual como hoje ou ontem, conduzindo o negócio para uma zona com menores chances de poder reagir por não entender as tendências. A grande questão é ter consciência de que o que tornou possível o sucesso no passado pode não ser suficiente para obter sucesso no futuro.
A comoditização pode acontecer também porque o modelo foi superado por um modelo de negócio disruptivo que oferece uma proposta de valor mais barata, acessível e conveniente.

O processo de inovação requer uma análise profunda de cada componente do Modelo de Negócio mostrado acima (ver canvas). Os componentes possuem uma interligação sistêmica e devem ser revisados e avaliados dentro de um contexto externo em mutação e por meio de uma visão de causa e efeito. Não podemos esquecer que negócios bem sucedidos são tudo menos "simples", por isso devemos prestar atenção que a complexidade estará muito presente nesta tarefa.
Durante o processo de inovação poderá ser necessário atuar em cada componente e estabelecer novos níveis de desempenho. Podemos necessitar eliminar canais ou criar novas formas de produzir e de entregar (ex. Dell), relacionamento com o cliente diferente (ex. SalesForce.com), novas propostas de valor com experiência de valor para os clientes (ex. Starbucks) ou novos modelos organizacionais (ex. ABB), podemos precisar de novas formas de conduzir as operações (ex. Habib's ou a antiga Gol) e muitas outras variantes possíveis de configurar um negócio.
O modelo abaixo de Mohanbir Sawhney é um bom referencial do que o inovador precisa saber ou se concentrar na hora de inovar o modelo de negócio. A questão será ou fortalecer ou aliviar ou melhorar ou manter ou mesmo eliminar ou criar.


Modelo das 12 dimensões de Mohanbir Sawhney


Ano novo, modelo de negócio novo pode ser uma boa opção para 2010.
Felicidades e sucesso a todos.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A Entrevista com o Ex Chefão da Proter & Gamble vale a pena

A entrevista com A.G. Lafley, ex Chairman and CEO da P&G ajuda a entender como esta empresa conseguiu realizar uma mudança impressionante no desempenho (ver perfil). Os resultados da empresa são enormes enquanto esteve a frente das principais divisões e de toda a empresa até 2009. Sempre foi conhecida como uma empresa de produtos inovadores, mais P&G inovou além do normal, a sua contribuição e grande lição para o mundo corporativo está em inovar na forma de inovar. Atualmente é um case de sucesso em Open Innovation, onde precisamente afetou também seus Modelos de Gestão e de Negócio. O novo livro "Game Changer" de A.G. Lafley em parceria com o famoso Ram Charam (um bom contador de história), já disponível em português com o título "O Jogo da Liderança", onde trata com mais profundamente o assunto.


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Inovação e a Escola do Futuro

Por mais de uma vez tenho sido chamado para dar apoio no repensar estratégico de algumas escolas particulares. Tentarei descrever as minhas percepções e resultados de pesquisas que embasam meu ponto de vista.

No início do século 21 a recomendação foi o uso de uma gestão mais atual e moderna em nível de sistema central e no nível descentralizado na própria escola sendo uma das tendências em muitos países que tem resultado em melhorias graduais ou incrementais. Também, o uso experimental de diversas tecnologias de comunicação e informação (TIC) disponíveis, a introdução de alguns novos modelos pedagógicos e outros instumentos de ensino–aprendizado, algumas mudanças, alias muito fracas, na formação dos diferentes profissionais que trabalham no setor, tem mostrado ser pouco efetivas, visto que não geraram a solução para encurtar o grande hiato de desempenho na educação do país. No Brasil algumas melhorias no desempenho na educação no país é mostrada pela melhoria dos indicadores desde 1975, taxa de matriculas no ensino básico saltou de 86% para 97%; e no médio, de 15 % para 71%. O índice de alfabetização de adultos passou de 82% para 97,3%. 98% das crianças em idade escolar freqüenta salas de aula.

Os péssimos resultados alcançados pelo Brasil na segunda pesquisa do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) mostra que a coisa não vai ser simples de solucionar.

Acredito que inovar radicalmente é a saída para vencer este desafio. Os cenários mostram que deveremos ter soluções radicais e até mesmo as inovações disruptivas devem ser as que criarão os novos formatos nas correntes da inovação puxada pelo mercado e as inovações tecnológicas e de novos modelos de negócio. O conceito de "Disrupting Class" de C. Christensen comparte sua visão dos efeitos das inovações disruptivas e como o ambiente e as tecnologias tem a força de mudar e dar respostas às necessidades de uma educação centrada no aluno.

O mais desafiador é construir uma escola centrada no aluno e ao mesmo tempo uma educação customizada. O país precisa inovar de forma mais consistente e investir de forma mais coerente com a dimensão do problema. Preocupa a miopia das políticas públicas que estão mais focadas em ampliar o acesso à educação do que criar uma educação sintonizada com o século 21. O Ministério de educação e C&T está em praticar a grande aposta, com influência clássica dos economistas típicos, ou seja, focada na melhoria da produtividade, por isso sua orientação de investimentos pesados em EaD (Educação a Distância).

Os principais questionamentos hoje são:

  1. Quais habilidades, conhecimentos e apoio precisam os professores para que possam desenvolver um aprendizado inovador entre os alunos?
  2. Qual é a estrutura organizacional e parceria melhor apóio para oferecer uma capacitação inovadora aos alunos?
  3. Quais são as TIC mais efetivas de serem utilizadas para inovar o processo de ensino aprendizado?
  4. Como o ambiente e arquitetura deve ser criado para implementar um aprendizado inovador?

Para entender melhor o futuro que se aproxima, um trabalho muito interessante são os cenários elaborados por um grupo da OECD em 2001, olhando um horizonte de 10 a 15 anos.

Extrapolação do status quo

Cenário 1. SISTEMAS ESCOLARES BUROCRÁTICOS FORTES

  • Burocracias fortes e instituições sólidas;
  • Os direitos adquiridos resistem às mudanças fundamentais;
  • Persistência dos problemas de imagem e de recursos da escola.

Cenário 2. EXPANSÃO DO MODELO DE MERCADO

  • A insatisfação geral conduz à reconfiguração dos sistemas públicos de financiamento e de valorização;
  • Valorização do mercado dos indicadores e dos mecanismos de validação baseados na procura;
  • Maior diversidade dos prestadores e dos profissionais, maiores desigualdades.

Reescolarização

Cenário 3. A ESCOLA NO CENTRO DA COMUNIDADE

  • Confiança significativa da opinião pública e nível elevado de financiamento público;
  • A escola no coração da comunidade e centro de formação do capital social;
  • Diversidade organizacional/profissional acrescida, maior equidade social.

Cenário 4. A ESCOLA COMO ORGANIZAÇÃO APRENDENTE

  • Nível elevado de confiança e de financiamento público;
  • Importante desenvolvimento dos contactos entre escolas e professores em organizações aprendentes;
  • Qualidade e equidade.

Desescolarização

Cenário 5. REDES DE APRENDENTES E A SOCIEDADE EM REDE

  • Insatisfação generalizada relativamente aos sistemas escolares organizados e rejeição destes;
  • Os conhecimentos adquiridos por via das TIC fora das estruturas formais reflectem a “sociedade em rede”;
  • Comunidades de interesses, riscos de sérios problemas de equidade.

Cenário 6. ÊXODO DOS PROFESSORES – A DESINTEGRAÇÃO

  • Elevada carência de professores, não resolvida pela acção governamental;
  • Os conflitos e a diminuição da qualidade provocam “desintegração”;
  • A crise gera numerosas inovações, mas o futuro mantém-se incerto.


Neste sentido cito o Dr. C. Y. Cheng, Diretor do Centro para Pesquisa e Colaboração Internacional no Instituto de Educação de Hong Kong, que se alinha aos cenários e estudos desenvolvidos, tendo proporcionado uma contribuição significativa com relação a este trabalho. Cheng propõe que todo empreendimento em educação, inclusive escolas, sistemas educacionais e universidades, precisam de um novo paradigma para moldar suas operações, ilustrado na Tabela A. Na coluna direita observamos o pensamento tradicional, onde os estudantes e sua aprendizagem são parte da reprodução e de um processo de perpetuação do conhecimento existente e uma estrutura da força de trabalho, de maneia a sustentar o desenvolvimentos da sociedade, particularmente nos aspectos sociais e econômicos. Não é uma surpresa que os estudantes percebam a educação como um processo de aprendizagem de “reprodução” de maneira e satisfazer as necessidades da sociedade.

Tabela A. Ilustra o paradigma da mudança no ensino

Novo Paradigma

Paradigma Tradicional centrado no local e no professor

Ensino individual

· O professor é um facilitador no apoio no aprendizado dos estudantes.

· O professor é de multiple inteligência.

· O éstilo de ensino individualizado.

· O ensino é para aumentar a curiosidade.

· O ensino é um processo para iniciar, facilitar e apoiar no auto-aprendizado e auto-atualização dos estudantes.

· Partilhar da alegria e diversão com os estudantes.

· O ensino é um processo de aprendizado para toda a vida

Ensino reproduzido

· O professor é o centro do processo de educação

· Professor parcialmente competente

· Estilo de ensino padrão

· Ensino é para transformar conhecimento

· Ensino é um processo disciplinar, entrega, treinamento e de socialização.

· Alcançando padrões nas provas e examens

· Ensino é um processo de transferencia e aplicação.

Ensino localizado e globalizado

· Fontes de ensino e conhecimento multiples local e global.

· O ensino é baseado em rede

· Os estudantes podem aprender com experiências classe-mundial

· Oportunidades de ensino sem limites

· Professores com perspectiva local e internacional

Ensino ligado à Escola

· Professor como única fonte de ensino e conhecimento

· Ensino fragmentado

· Ensino ligado ao local

· Oportunidades limitadas de aprendizado

· Única experiência na escola

Como parte de uma série de premissas para encarar os cenários em formação, Cheng propõe o conceito ‘triplisation’: globalização, localização individualização.

· Globalização refere-se à transferência, adaptação, e desenvolvimento de valores, conhecimento, tecnologia e normas de comportamento por países e sociedades em partes diferentes do mundo. Os fenômenos típicos e características associadas com a globalização. Incluem crescimento da rede global (internet, world wide e-comunicação e transporte), transferência global e fluxos de informação (interflow) nos aspectos tecnológico, econômico, social, político, cultural e de aprendizado, alianças internacionais e competição, colaboração internacional e troca, aldeia global, integração multi-cultural e uso de padrões internacionais e pontos de referência.

· Localização: refere-se à transferência, adaptação, e desenvolvimento de valores relativos ao conhecimento, tecnologia, e normas de comportamento dos contextos locais. Tem dois tipos de significados: primeiro, pode significar a adaptação de valores externos todos relacionados a iniciativas e normas para nivelar satisfazer as necessidades locais relativas à sociedade, comunidade ou local; segundo, também pode significar aumentar a significância de valores locais, normas, preocupação, relevância, participação e envolvimento nas iniciativas relacionadas e respectivas ações.

· Individualização refere-se à transferência, adaptação, e desenvolvimento de valores externos relativos ao conhecimento, tecnologia, e normas de comportamento para atender as necessidades e características individuais. A importância de individualization para o desenvolvimento humano e desempenho está baseado nas preocupações e teorias de motivação humana e necessidades (por exemplo Maslow, 1970; Manz, 1986; Manz & Sims, 1990; Alderfer, 1972).

Por outro lado se considera que o setor educacional movimente 9% do PIB brasileiro e isso é bem razoável para ficar interessado e cheio de preocupação pelo que representa, não somente com relação a valor monetário, senão e principalmente como criador de valor de capital humano e social e como todo mundo sabe, a única forma para sair da miséria sem precisar usar soldados ou balas ou tanques.

Pesquisas patrocinadas pela OECD/CERI descrevem que a “Inovação” na escola como prática pedagógica que procura algumas ou várias das seguintes metas:

a) Promover processos de aprendizagem ativos e independentes nos quais os estudantes assumem uma responsabilidade pela sua própria aprendizagem;

b) Proporcionar aos estudantes competências e habilidades na manipulação de informação;

c) Encorajar prática de trabalho colaborativo e aprendizagem baseada em projeto;

d) Individualizada de instrução de prover; para endereçar direito de propriedade;

e) Decompor um configuração da aprendizagem tradicional nenhum tempo espaço de e;

f) “quebrar ou botar abaixo” como paredes de sala de aula;

g) Melhoria coesão da natureza e social do entendimento que os estudantes interagem com grupos e culturas com como que caso contrário eles não interagiriam.

Tenho testemunhado que na prática temos nos tornado especialistas em desenvolver diagnósticos amplos e complexos, porém na hora de elaborar as soluções temos agido de forma tipicamente analítica. Por isso também temos implementado soluções dispersas e em partes, com baixa coordenação de integração e sem seguir um pensamento sistêmico na hora de sua implementação. As próprias estruturas de governo são a causa, graças a sua dicotomia e baixa capacidade de trabalhar transversalmente. Tudo isso e muito mais tem conduzido a soluções fracas. Mesmo na própria escola este pensamento é muito presente. Ficamos presos a uma formatação de como ensinar, mesmo o PPP nas escolas, as propostas são uma cópia uma da outra. As propostas alternativas são muito mais propostas de diferenciação mais não algo consistente e definido baseado em pesquisa e experimentação. É claro que existem propostas muito promissoras, porém poucos são os casos realmente inovadores, ao mesmo tempo temos evoluído pouco nas regras do jogo e no mundo legal.

Pessoalmente me motivam as soluções radicais, como são os casos das políticas e proposta britânica. Praticamente a idéia é colocar todas as escolas no chão e levantar novas escolas, desenhadas com as mais modernas propostas em estrutura, modelos pedagógico, novas competências e criar totalmente novos ambientes de aprendizado.

No relatório do projeto: "Building Schools for the Future (BSF) is the largest single capital investment programme in schools in England for more than 50 years and has the aim of ensuring world class learning environments which will support current and future generations of young people in achieving their full potential. It began in 2005/06 and will see virtually all of England’s 3,500 secondary schools rebuilt or substantially refurbished in 15 waves of investment (subject to future government spending decisions). The programme is part of a wider capital strategy within the Department for Children, Schools and Families (DCSF) that will see total capital investment in schools in England increase from £6.4 billion in 2007/08 to £8.2 billion in 2010/11. (Department for Children, Schools and Families Evaluation of Building Schools for the Future – 2nd Annual Report)"

Não é discurso é matemática financeira, taxa de retorno e de valor presente líquido e lógica clara de investimento de longo prazo. Os ingleses não são demagógicos nesse ponto, é simplesmente uma política de investimentos inteligente.

Não percebemos que nossas crianças e jovens estudam em escolas que foram invenções sociais cujo conceito tem séculos. Os Sumérios que a inventaram em 2500 AC e em alguns casos ainda seguimos o conceito. Não é uma questão de simplesmente política pública senão de investimentos que possuem as melhores taxas de retorno em infra-estrutura de todos os investimentos que se possam fazer em um país. A foto abaixo de 1908, se fosse colorida e as roupas dos aluno estarem na moda de 2009, teríamos poucas diferenças com as escolas de hoje. Poderíamos ter um quadro branco ou mesmo quadro e giz atualizado, mesmo assim não haveria grande diferença.

Inovações de alto nível na educação deverá vir apostando na formação de professores mais adequados aos novos tempos e os novos formatos no mundo do trabalho, a tabela acima mostra claramente a mudança no papel do educador. Mostrando a necessidade de novas relações empregatícias / trabalhistas. Indivíduos com formação diversificada e contratos flexíveis é o quadro futuro.

Infra-estrutura e uso intensivo de TIC é obrigatório e não dá para ser menos nos dias de hoje. Os investimentos em tecnologias pedagógicas aumentará, somente que isto deve ser uma tarefa integrada com as duas soluções de arquitetura da escola e as novas competências dos educadores. Fora todos os aspectos relacionados acima, o papel de uma gestão competente é básico e todo o relacionado a um modelo organizacional e um modelo de gestão aderente às exigências da escola do futuro.

- Building a culture of innovation in schools. Submission of the University of Melbourne to the Second Phase of the Review of Teaching and Teacher Education, The University of Melbourne, May 2003.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Mais um modelo de megócio que gera oportunidades de trabalho

Um negócio em expansão cujo intuito principal é facilitar, para que pessoas criativas das artes multimídias possam criar rede, prêmios ($$), mostrar portfólio e ao mesmo tempo encontrar-se com aqueles que buscam soluções criativas neste mundo artístico digital. Trata-se do negócio online Guerra Creativa.


"Guerra Creativa é uma comunidade para “criativos” na qual companhias podem buscar colaboradores para seu trabalho criativo.Os “criativos” podem construir perfis profissionais, uma reputação e fazer amigos. Vencedores de competições ganham prêmios em dinheiro."

Guerra Creativa com uma proposta de nicho no campo da criação e essencialmente no mundo digital, favorecendo várias questões para quem ganha dinheiro tendo como instrumento o computador e por outro muita criatividade. Acho a proposta muito interessante para quem trabalha com criatividade e para quem busca soluções profissionais e talentos com menor custo. Sem toda aquela problemática trabalhista de contratar talentos relativamente caros ou se livrar dos contratos amarrados com agências. Por isso acredito que o negócio tem o potencial de tornar-se atrativo para as empresas, que é um elemento essencial de um modelo de negócio, ou seja, este precisa na sua concepção e fórmula a capacidade de gerar demanda crescente e contínua,

Reunir "cliente-fornecedor" e criar valor a esta reunião de forma consistente e convincente é o desafio nas propostas de valor de muitos modelos de negócio deste tipo, a questão e o desafio é como realmente ganhar dinheiro. Acho que os fatores chave destes modelos para alcançar sustentabilidade de longo prazo é muita promoção, volume, muita paciência (que a maioria dos acionistas não tem) e muito boa tecnologia de interface para que cliente fornecedor se entendam e trabalhem produtivamente.


domingo, 1 de novembro de 2009

GOOD.IS é uma Excelente Proposta em Diversos Temas

GOOD é uma daquelas revistas na web muito interessantes que de vez em quando descobrimos. Todos sabem, a rede está cheia de ouro, pérolas e muita porcaria e também sabemos que por isso se exige de um processo de mineração para encontrar valor na rede. As contribuições dos colaboradores da revista são esclarecedoras e com um valor de mentes positivas que é possível melhorar sempre e puxar o mundo para frente. A revista propõe que INNOVATION e GOOD são sinônimos.

É fácil propor, não custa nada, poderíamos criar algo assim em português não acham seria realmente muito BOM?

GOOD is a collaboration of individuals, businesses, and nonprofits pushing the world forward. Since 2006 we've been making a magazine, videos, and events for people who give a damn.
This website is an ongoing exploration of what GOOD is and what it can be.



sábado, 24 de outubro de 2009

Inovação na Gestão Urbana e a Qualidade de Vida nas Cidades

Dez anos atuando em projetos no setor público me ajudaram a entender um pouco dos desafios enfrentados pelos governantes municipais e equipe. Consegui com o tempo alguma habilidade de observação do ecossistema cidade e é claro como engenheiro tenho também o meu olhar naturalmente analítico e consigo identificar os pontos chave da problemática de uma cidade. Também pesquisando continuamente sobre soluções inovadoras nas áreas de gestão pública e de cidades, tecnologias e novas práticas, me ajudam a ter uma visão do que uma cidade precisa para alcançar melhores níveis de qualidade de vida. Hoje quando visito cidades de porte visualizo facilmente a existência de uma gestão efetiva orienta a pessoas ou um governo ignorante do que significa gerenciar o complexo sistema de uma cidade.

O Brasil é um exemplo de grandes diferenças entre a cidade que é orientada à felicidade das pessoas e aquelas cidades no caos ou rumo ao caos sem retorno. O termo usado no mundo para qualidade de vida nas cidades é conhecida como livable cities. Existem indicadores de qualidade de vida em cidades. Os mais conhecidos são: da Mercer Consulting; o da revista Economist e o index da revista Monocle. Pelos resultados nas listas das 10 melhores, as que se destacam nas três listas são: Vienna - Austria, Vancouver - Canadá e Melbourne - Australia estão entre as melhores do mundo.

(http://www.livablecities.org/ ;

http://en.wikipedia.org/wiki/World's_most_livable_cities).

Em termos de qualidade de vida, São Paulo caiu da 114ª posição em 2007 para a 119ª neste ano (ver).

Por exemplo, quando se pesquisa na web sobre a região metropolitana de Vancouver se descobre o que torna possível estar nestas listas entre as dez melhores. Pode-se entender que sua classificação não veio por uma simples conclusão de fazer parte de um país como o Canadá. É claro que ajuda mas não é tudo. Ressalto que a existência de uma gestão estratégica consistente e que vem sendo executada de forma magistral colabora para Vancouver ser uma das cidades com melhor qualidade de vida no mundo.

Transformar uma cidade em situação caótica em um lugar com alta qualidade de vida é uma tarefa tremendamente desafiadora. O grande obstáculo é a existência de hiatos entre o que deveria ter sido feito há muito tempo atrás e a situação atual e sua realidade a que os cidadãos são submetidos nas grandes cidades. Os hiatos são especialmente amplos e volumosos em cidades como São Paulo. O meu primeiro contato com a cidade de São Paulo no início dos anos 80 e também quando vivi lá por dois anos nos 90, foi uma experiência muito boa e poderia dizer que gostava da cidade, a locomotiva brasileira. A cidade mostrava ser a verdadeira metrópole da américa do sul, de riquezas culturais significativas e uma dinâmica sócio-econômica substancial, sistema de transporte em plena expansão e diversificação e investimentos consistentes por toda a cidade. Nestes últimos dois meses (setembro e outubro de 2009), circulando pela cidade (centro e periferia) de São Paulo ganhei uma nova visão sobre a cidade e minha percepção é que o hiato está ficando maior e com possibilidades de não mais retorno. A possibilidade de não ter mais retorno são cada vez mais uma grande probabilidade para o futuro de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Ou seja, os investimentos necessários para encurtar este hiato são de um tamanho tal que não existem recursos disponíveis viáveis para reverter o quadro.

Planejamento de longo prazo e atuação permanente de uma gestão consistente foi chave para a maioria das cidades com qualidade de vida. Quem fica parado provavelmente tende a ficar cada vez pior. A forma de ver isto é o caso da escada rolante descendo e uma pessoa tentando subir. O futuro de uma cidade com qualidade de vida é alcançado subindo a escada. Se esta parar, a coisa inicia o processo de pioria contínua. Se a pessoa sobe na mesma velocidade da escada (consegue manter o status quo), dentro de uma visão relativa este fica parada na escada. A forma de sair da situação é andar mais rápido ou superar a conjuntura criada pela realidade e seu entorno e superando os desafios através de inovações. Uma gestão estratégica da cidade como também manter uma atitude e ação inovadora, ajuda a superar a subida na escada.

A cidade de São Paulo em sua busca por soluções está apostando em possíveis saídas para solucionar seu caos no sistema viário e de transporte público. Uma das propostas de solução é tornar economicamente proibitivo circular com automóveis pelo centro da cidade aplicando um pedágio no centro da cidade como fez Londres com o uso intensivo de TIC. Outra saída proposta para São Paulo é mais km de metro / ano. Até 2006 eram 1,5 km por ano de metro, a meta hoje é dobrar este valor. Vejo que as medidas realmente não são suficientes para uma cidade onde os engarrafamentos são diários e sem hora de rush marcada, como seria o normal. O fracasso do transporte público nas ruas de São Paulo mostra que as propostas são somente para manter o status quo. Mais de 1,2 milhões de veículos por ano que entram em circulação na cidade de São Paulo mostra que talvez o futuro seja não conseguir manter nem o status quo, o mais certo será que o sistema travará a qualquer momento. Não existe o botão de reset para este tipo de sistema. O que mais pesa é que hoje são bilhões de R$ perdidos em produtividade por ano com pessoas que ficam ociosas em automóveis e ônibus por mais de quatro horas no transito na maioria do tempo da semana.

A cidade de São Paulo é o típico caso da necessidade de inovações de alto nível e de peitar pela sua implementação. É necessário quebrar o status quo e os acordos para mantê-lo. Tecnicamente, é um desafio realmente de alta complexidade, que requer inovações de nível superior e liderança criativa e visionária. Muitas políticas públicas poderão ser de extrema impopularidade no início devem ser desenvolvidas e aplicadas como também mudanças institucionais profundas. Sabemos claramente que não é um problema simples de engarrafamento senão um problema sistêmico de hiper complexidade. Uma cidade é muito mais do que ruas, praças, escolas, hospitais e sistema de transporte.

Sabemos quando se dão exemplos de outros lugares, as pessoas imediatamente reagem dizendo que é tudo diferente e que não dá para comparar e que não se conhece a realidade do local. O exemplo que trago é Bogotá Colômbia onde grandes mudanças foram implementadas no início do século 21. Cidades da Colômbia enfrentavam problemas sérios de segurança, nos anos 90 eram conhecidas como um dos lugares mais perigosos do mundo, se poderia dizer que para muitos não tinham retorno. Bogotá tinha um sistema caótico de transporte, controlado pela máfia colombiana e todas as mazelas que acompanham o quadro sócio-econômico da maioria dos países de América Latina. Hoje Bogotá com mais de 7 milhões de habitantes com um sistema de transporte público de invejar, alias copiado de uma cidade brasileira, a famosa Curitiba. Os governantes peitaram e implementaram inovações no sistema urbano, valorizando as pessoas mais que os automóveis. A violência diminui ano a ano, o PIB da Colômbia cresce a mais de 8 a 9 % ao ano e todos os benefícios de acreditar em idéias e coragem de implementar enquanto tudo era contra, não somente buscando votos senão qualidade de vida para a maioria.

Curitiba e todas as inovações e propostas que conseguiu implementar são geralmente desprezadas por nossos técnicos municipais na maioria das cidades do Brasil, alegando uma série argumento de que Curitiba é mais marketing e que as características de Curitiba é o que torna possível o seu sistema funcionar. Por outro lado tem Colombianos, Equatorianos, Norte Americanos (de Los Angeles California), Panamenhos e Filipinos, usando as invenções sociais de Curitiba. Agora me digam que cidade do Brasil utiliza as criações de Jaime Lerner e tem implementado uma gestão com um planejamento de longo prazo em suas cidades e alcançado níveis superiores de desempenho? São muito poucas. Alguns utilizaram vias dedicadas para ônibus em seus sistemas, de forma tímida na maioria das vezes. Na maioria dos casos o famoso ditado "fora, não inventado aqui" é muito presente no país.

Também, a questão não é somente copiar senão adotar atitude inovadora e a prática de planejamento e visão de longo prazo, criando o futuro e não se adaptando a ele. Morei 4 anos e meio na cidade de Curitiba e ir de ônibus ao centro era mais racional, conveniente, confortável e pontual do que ir de carro. Isso é política púbica de valor convincente!. Cada vez que viajo para lá vejo que a cidade não espera ser pega pela conjuntura e seu entorno, mesmo tendo grandes problemas para solucionar, não se percebe algo como um futuro sem retorno. Todo mundo sabe o poder de atração que cidades com qualidade de vida atraem emigrantes como flores atrai as abelhas, criando taxas de crescimento demográfico superiores a 2 ou 3% e sem uma ação eficaz teremos problemas no futuro. Ações claras de gestão estratégica e a aplicação dos instrumentos tecnológicos e legais devidamente desenvolvidos tornam possível solucionar problemas sérios como crescimento desordenado que é um dos calcanhares de Aquiles de muitas cidades.

Moro em uma cidade (Florianópolis) onde o hiato está surgindo em tamanho e gradualmente perceptível em função do seu crescimento, em vários momentos muito desagradável por saber que pouco está sendo feito para solucionar.

Acredito que toda cidade precisa de uma gestão estratégica, pode ser algo centralizado como é o caso de Curitiba ou uma forma mais participativa e democrática como é o caso das famosas cidades e regiões como Barcelona, Valencia e Mondragon (Espanha), Vancouver (Canadá), Tampa Bay, Silicon Valley e San Francisco (USA) para mencionar algumas. O importante não é qual é a melhor, mas o que é urgente decidir é que alguém assuma a responsabilidade de criar um futuro para a cidade. Ela não surge do nada.

Alguns políticos olham o planejamento estratégico de cidades como projetos somente para aparecer no cenário político ou unicamente para aumentar o seu capital político dentro de um pensamento de imediatismo absoluto. De um ponto de vista de inteligência política aderir a este tipo de projeto é razoável, porém sem esquecer de considerá-lo um meio e não um fim. Confundir isto é o primeiro passo para o fracasso de muitos planejamentos de cidades e essencialmente da gestão da cidade. Outra causa de fracasso é a falta de competências para coordenar, elaborar e executar o planejamento estratégico de uma cidade, em outras palavras criar um processo de gestão estratégica requer também uma estrutura organizacional e competências que possibilite capacidade executiva.

Inovação necessária e urgente no governo e em como encaramos os grandes problemas nas cidades é um imperativo.