segunda-feira, 11 de maio de 2009

Biomimicry urgente e vital

Existe uma percepção que a abordagem da engenharia para solucionar os problemas humanos isola o ser humano do ambiente natural. A nova onda que vale prestar mais atenção daqui para frente é a Biomimicry (do bios, que significa vida, e mimesis, que significa imitar). Janine Benyus, é famosa por batizar o termo "biomimicry" que como ela descreve, "... é uma metodologia prática para resolver problemas olhando a natureza.” Em outras palavras é uma disciplina do design que procura soluções criativas de sustentabilidade pela emulação de padrões e estratégias da natureza testados no tempo. A idéia central é que a Natureza, imaginativa por necessidade, já tem solucionado muitos dos problemas que estamos enfrentando nas diferentes áreas como: energia, produção de alimento, controle de clima, química não tóxica, transporte, embalagem, e muito mais.

Na prática temos visto que funciona através de uma inovação famosa, o Velcro. Uma iluminada descoberta de George de Mestral, que teve a curiosidade de observar como as sementes de cardos ficavam grudados na pele de seu cachorro ou/e nas meias ao andar pelo campo. Outro exemplo é que a fama de Michael Phelps ganhador absoluto de medalhas e recordes nas Olimpíadas de Beijing, é também graças à uma roupa de banho conhecida como "shark suit" da Speedo que imita os padrões da pele do tubarão, inventada e patenteada pela Biomimetician Fiona Fairhurst.

Benyus aponta que os investimentos neste tipo de pesquisa foram principalmente para os setores militar e aeroespacial até recentes anos. Ela afirma, que estudos nos banco de dados de patentes global, entre 1985 e 2005, invenções inspiradas em "biomimetics" aumentaram por um fator de 93. Vislumbro que os próximos líderes de projeto não serão mais engenheiros ou designers industriais senão Biomimeticias. Os modelos mentais devem mudar e os métodos de como procuramos por soluções e onde procuramos informação e inspiração também. As escolas de engenharia e biologia deverão se relacionar mais daqui para frente se desejarmos sustentabilidade e solucionar os problemas.

Criatividade + Inventividade

O grande desafio para o inovador está em desenvolver soluções criativas do que é importante para os clientes. Para os clientes basicamente o que é importante são as tarefas que deseja realizar. A oportunidade de inovação está nas circunstâncias cridas pela falta ou pelos produtos / serviços existentes que não estão dando conta ou exigem deles além do que podem suportar, seja pelo preço, habilidade exigida para realizar a tarefa, ou também produtos e seviços que estão muito acima ou muito abaixo das expectativas dos clientes. Identificar estas tarefas prioritárias a serem realizadas é a chave para ter sucesso e maior previsibilidade na criação de produtos inovadores.

Existe uma grande gama de métodos e sistemáticas que podem ajudar o inovador solucionar este tipo de problema. As boas práticas recomendam trabalhar com métodos de geração de idéias e o uso de informação de várias fontes (P&D, engenharia, produção e marketing). Os serviços de inteligência competitiva e de marketing são de grande ajuda no processo.

A própria formação de equipes multidisciplinares facilita os fluxos de dados e garante que a informação receba a filtragem e interpretação adequada. Fornecedores e parceiros externos são fontes valiosas de criatividade e informação relevante. O trabalho de equipe multidisciplinar sempre foi um conceito básico e acho que deveria ser o primeiro que se deve aprender quando se estuda desenvolvimento de novos produtos. Este é um tipo de disciplina que deveria ser ensinada com turmas de notória diversidade. A prática aponta que é bom ter turmas com representantes da engenharia, produção, marketing e finanças. As equipes multifuncionais servem como catalisadores no processo de solução de problemas.

Entre os principais métodos de criatividade disponíveis temos o clássico “brainstorming”. Por muito tempo tenho usado este método no meu trabalho. Quem observa como a IDEO (Empresa de negócios em Design) usa o brainstorming, verifica que se pode melhorar muito como utilizar a ferramenta. Para ver a diferença recomendo ver o filme do Deep Dive no canal ABC e ler o livro “A Arte da Inovação” de Tom Kelley.

Outro método que aprendi na universidade é a matriz de análise morfológica. Como engenheiro mecânico sou um adepto a este método, não é uma maravilha mais ajuda. Mais um e alias muito interessante pelo aprofundamento na questão da multidisciplinaridade é a o método Sinética, que deriva do grego e significa juntar elementos diferentes, aparentemente não relacionados entre si. Para maiores detalhes recomendo o livro "Projeto de Produto" de Mike Basxter. Uma nova abordagem e que está dando o que falar é a Biomimicry, no próximo post apresento melhor a sua origem o propósito.

A maioria dos métodos de trabalho com foco criativo tem como base alguns princípios:

  • Estabelecer abertura e participação
  • Encorajar muitas e diversas idéias
  • Construir mais idéias sobre as idéias de cada um no grupo
  • Orientado ao problema
  • Usar um líder para guiar a discussões

As pesquisas têm avançado e contribuído para propor para melhorar nossa capacidade de inventar, afirmando que ela pode ser ensinada e tratada como um método sistemático. A TRIZ é uma destas ferramentas que explora o componente da criatividade voltada a solucionar problemas, inventando soluções. A TRIZ é uma criação de G. S. Altshuller, 1926 - 1998. Na definição de Savransky (2000): "TRIZ é uma metodologia sistemática, orientada ao ser humano, baseada em conhecimento, para a solução inventiva de problemas." De acordo com Altshuller, problemas inventivos são um tipo especial de problemas - aqueles que contém contradições. Professor Marco Aurélio de Carvalho do CEFET é um dos poucos que entende deste assunto no Brasil.

Existem algumas variantes da TRIZ que tentam simplificar a coisa. A que mais se destaca é o pensamento inventivo sistemático (SIT). Os professores e consultores Jacob Goldenberg, Roni Horowitz.Desenvolveram e o apresentam e a vendem através de vários trabalhos, ver artigo na Harvar Business Review de março de 2003 (Inovação no ponto certo). A proposta busca simplicar o processo inventivo, porém mostra ser poderosa.

domingo, 10 de maio de 2009

Inovação : conceitos e modelos

Entender os conceitos e modelos teoricos por traz da inovação é uma questão fundamental, e acredito que é um tema onde devemos estar sempre atualizados. Existe uma série de modelos e frameworks que ajudam a ter um entendimento da amplitude e dinâmica desta função dentro das organizações. As teorias desenvolvidas em torno da inovação possuem várias perspectivas e todas elas ajudam ao tomador de decisão nos seus vários dilemas nas arenas da competitividade. Elas não podem ser entendidas como referência para as grandes empresas somente. Todos são envolvidos, pequenos, médios e grandes players. Somos influenciados e afetados pelos resultados das descontinuidades ou em outros casos pela disrupção de uma tecnologia ou modelo de negócio. O impacto e a natureza da inovação são assuntos relevantes para todos nós. É necessário ter muito cuidado com as falhas de julgamento provocadas pela falta de entendimento dos sinais de difícil percepção por traz das inovações e também provocada pela cultura da continuidade que impera nas organizações, que são o reflexo dos modelos mentais que se instalam com o tempo em cada organização. Por outro lado existe a sua disciplina irmã, que é a gestão de riscos. Cada gestor trata os riscos inerentes dentro de suas possibilidades. O empreendedor de forma natural gerencia esta questão, inovação vs. risco. O não entendimento do que é realmente inovação gera maior risco. Vale a lembrança e devemos estar sempre alertas. Mesmo em temos conturbados como os atuais não podemos deixar o tema de lado ou empurrar o que é realmente importante, como Peter Drucker nos ensinou e ao mesmo tempo, acho que nos alerta: “EXISTEM APENAS DUAS FUNÇÕES IMPORTANTES NOS NEGÓCIOS: MARKETING E INOVAÇÃO – TUDO O MAIS É CUSTO”.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Inovação em tempos de crise

Os capitais paralisados, problemas com o mercado de crédito, o COPON abaixando os juros mostra que os sinais são reais e que a coisa está difícil. Impostos reduzidos em setores estratégicos e a injeção de muito dinheiro no setor de construção civil são as medidas. O país tentando se safar da crise e o mundo global puxando para baixo.  A tal marolinha se tornou no marolão e todos os comentaristas econômicos e especialistas dizem que a coisa é pior do que se pensa. Com este ambiente conturbado as empresas precisam continuar e devem tomar decisões estratégicas difíceis. 

A inovação exige um compromisso com o futuro, mas normalmente é um tema que é deixado para depois da crise. Claramente as primeiras ações estarão voltadas a salvar e manter as operações. Nesta época a eficiência é o foco das empresas que se concentra no corte de custos, visto que as vendas caem substancialmente. Mesmo assim o principal gestor não pode perder a visão de longo prazo e a estratégia de sustentabilidade. Estou realmente convencido que é necessário ter muita cautela com o processo decisório e que os modelos mentais sejam revistos pela empresa. Algumas organizações estão convencidas que investir em inovação em tempos de crise é uma tremenda oportunidade. A BusinessWeek aponta alguns players que estão apostando alto em inovação. Muitas cúpulas administrativas estão buscando saídas ao dilema entre salvar a operação no curto prazo e o que fazer com o pouco que sobrou para investir no futuro. As empresas estão buscando padrões nas experiências do passado, onde empresas enfrentaram a crise, somente que não deixaram a inovação de lado. Nas crises do passado, algumas empresas conseguiram sair bem sucedida com inovações após a grande depressão. Um exemplo clássico é a GE. 

Professor Govindarajan aconselha:

  • Nos últimos 12 meses, “Inovação se tornou mais importante, não menos.”  
  • Se você der uma olhada nas recessões do século passado, após a recessão, “ o panorama competitivo muda; há novos ganhadores e novos perdedores. E os novos ganhadores são sempre aqueles que tem se focado na inovação.”
  • Porém você tem que procurar inovação de forma diferente em um ambiente onde controle de custos é uma prioridade.
  •  Procure no portfólio de oportunidades de inovação e escolha poucos projetos e faça eles muito bem.