segunda-feira, 1 de junho de 2009

Duas inovações tecnológicas promissoras para a educação

O crescimento e ampliação da indústria de mídias e tecnologia da informação e a boa produtividade de inovações destes setores, possibilitaram o surgimento de um número razoável de novas tecnologias educacionais ano a ano. Mesmo com o PC e a internet melhorando em desempenho de forma consistente, os resultados alcançados até hoje mostram que a tecnologia não deve ser entendida como a panacéia para os desafios enfrentados na educação. É sabido que inovações como o ensino a distância e o famoso e-learning são os campos de principal interesse por parte das instituições educacionais do mundo e mesmo dos que definem políticas públicas. Esta redefine muita coisa no sistema de ensino que conhecemos. Estas inovações tecnológicas andam junto com o novo pensar de como as crianças, jovens e adultos aprendem e são ensinados. O foco sempre será manter ou melhorar a qualidade sem esquecer a produtividade é claro. Um fato e um sinal das mudanças com as janelas das oportunidades descancaradas é uma nova legislação:

"Uma nova legislação educacional em SP, publicada na sexta-feira, permitirá que escolas de ensino médio do Estado ofereceram até 20% da carga horária na modalidade a distância. A deliberação foi aprovada pelo Conselho Estadual de Educação e homologada pela titular da área do governo José Serra (PSDB), Maria Helena Guimarães de Castro.

A alternativa pode ser utilizada tanto por escolas particulares quanto estaduais. Para a rede privada, cabe a cada colégio a decisão; para a pública, depende de uma determinação da Secretaria da Educação.

A legislação determina que as escolas ofereçam, ao menos, 800 horas letivas ao ano. Pela deliberação do conselho, até 160 horas poderão ser feitas pelos alunos a distância.

A intenção, afirma o órgão, é "chamar a atenção para uma metodologia que pode e deve ser estimulada para promover a melhor aprendizagem"

A Secretaria da Educação informou que a atual gestão não pretende implementar a mudança na sua rede. Já o Sieeesp (sindicato das escolas particulares do Estado) disse que ainda analisará o dispositivo.

Para o presidente da Câmara Básica do Conselho Nacional de Educação, Cesar Callegari, "o ensino a distância não é necessariamente ruim, mas a norma abre a chance de escolas buscarem só corte de custos, em detrimento da qualidade."

Fonte: Folha de SP

Tecnologia feita para durar

Uma curiosidade necessária a considerar é o fato que o quadro negro, giz e o apagador, presentes na maioria das salas de aula do planeta, são de fato os en artefatos tecnológicos sobreviventes presentes na maioria das salas de aula do planeta. A origem do quadro negro é uma invenção com um passado aproximado de 3.000 a 40.000 a.C. e que recebeu algumas melhorias sustentadoras. Considero as obras rupestres descobertas em cavernas os primeiros quedros negros da história da humanidade. Por um lado são manifestações artisiticas e por outro um invento originou esta tecnologia educacional com uma curva-S de milhares de anos. Por isso podemos considerar que são meios de comunicação e também instrumentos de ensino aprendizado o melhor o quadro negro de nossos ancestrais. Simplificando, conseguimos melhorar o conceito inventando o giz e o apagador, gerando uma grande inovação e pelo que parece, de difícil substituição.


O substituto do quadro negro

Melhorias importantes sustentadoras como os quadros brancos e canetas coloridas surgiram nos anos 80. No final dos 90 surgem os primeiros quadros brancos interativos (interactive whiteboard) que atualmente estão ganhando fama de forma gradual. Estamos no meio de uma batalha de inovações de quadros interativos. Cada empresa que surge com novas alternativas para criar enriquecimento e versatilidade e novos conceitos de apresentação de conteúdo usando texto, imagem, som e vídeo. Mesmo com poucas pesquisas que mostre se existe uma melhoria no desempenho com o uso desta tecnologia é uma alternativa que mostra ser promissora e evolui de forma gradual com a esperança do surgimento do “design dominante” e a diminuição dos custos, potencializando a substituição do velho quadro negro. Entre 2005 e 2007 novas tecnologias emergiram e pelo que parece o design dominante está prestes a surgir. Entre as mais promissoras estão nas mãos criativas de Jeff Han, dono da Perspective Pixel, é o jovem gênio que criou uma das tecnologias mais promissoras para telas multitoque. Outras propostas competem como as tecnologias multitoque do iPhone da Apple, o Surface da Microsoft, a SmartBoard da Smart Technologies, eBean e Promethean entre muitos outros.

Fora estes concorrentes brigando pelo share dos mercados mais exigentes emerge o wiimote whiteboard, dentro da linha teórica de inovação disruptiva. Criado e disseminado pela web como uma inovação de desenvolvimento de código e design aberto liderado pelo Professor John Chang Lee da Carnegie Mellon University. A base desta inovação tecnológica é a câmera infravermelha de alta definição embutida no controle remoto de um dos mais populares vídeo games da atualidade o Wii (da Nintendo). Juntos o wiimote e um software de código aberto possibilita a interface via Bluetooth com o PC e o Sistema Operacional (Windows, Machindosh e Linux) criando um quadro interativo. O sistema quando montado seguindo as instruções, chega a custar menos de U$ 60,00. A diferença é espantosa, comparando com equipamentos tradicionais de quadros interativos que chegam a custar normalmente entre U$ 2.500,00 a U$ 10.000.



Feedback e Interatividade em Sala de Aula

É claro que uma interface mais dinâmica e versátil ajuda o professor na hora de apresentar os conteúdos em sala de aula com muito maior eficiência que um quadro negro normal. Porém fica o questionamento, como o professor com limitações de tempo e uma turma cada vez maior, sabe se o pessoal está aprendendo sem precisar esperar dias para realizar uma avaliação? Todo mundo sabe também que o processo aleatório de pedir para levantar a mão e assim escolher um ou no máximo dois alunos para responder não é a forma eficaz para avaliar se os alunos aprenderam ou compreenderam um determinado conceito. Existe uma tecnologia que realiza esta tarefa de forma mais eficiente, permitindo vários tipos de questões (múltiplaescolha, enquêtes, votação, etc), obter um feedback de toda a turma (100%) em tempo real e ao mesmo tempo os alunos podem visualizar o resultado das respostas na forma de gráficos. Esta inovação tecnológica são os Sistemas de Resposta de Audiências ou Pessoal ou de Sala de Aula (da sigla em inglês PRS ou ARS) ou simplesmente os Clickers.

Os clickers se assemelham muito ao controle remoto da uma TV. Este se comunica com o computador por meio um receptor que capta os sinais de cada controle quando o aluno aperta um dos botões do teclado de opções, dando sua resposta individualmente. Esta tecnologia tem mais de três décadas no mercado, essencialmente sendo utilizado em conferencias, no setor educacional, pesquisa de mercado e entretenimento (quem vê Faustão ou Silvio Santos deve ter visto eles em ação) ou melhor veja o vídeo abaixo de uma reportagem na Universidade Duke.



A sua origem conceitual nasce nas agencias de defesa americana e migra para a universidade pelos departamentos de TI. Logo depois se amplia e se populariza por outros departamentos, principalmente os de física e matemática. O foco de uso se centralizou em turmas grandes de graduação com mais de 200 a 300 alunos. Evoluiu de uma tecnologia baseada via cabo para uma mais amigável e sem fio (a tecnologia de rádio freqüência), porém na época muito cara. Continuando a melhorar o avanço foi significativo por meio de uma tecnologia mais simples e menos custosa, a infravermelha que viabilizou seu uso em maior escala. Nos últimos quatro anos a tecnologia de rádio freqüência volta custando menos e com melhor desempenho que a opção infravermelha. O surgimento de produtos como os projetores multimídia e as interfaces gráficas como o Widows e softwares de apresentação, possibilitaram a aderência crescente da tecnologia por professores em universidades e escolas. Hoje a grande maioria das principais universidades americanas usa a tecnologia nos seus departamentos e não somente em grandes turmas como no início dos anos 2000. Pesquisas e testes em outros países se tornaram rotina após 2002, tais como Inglaterra, Taiwan, Honk Kong, etc.

Professor Eric Mazur do Departamento de Física Aplicada da Universidade de Harvard, através de sua pesquisa e desenvolvimento criou uma nova abordagem pedagógica denominada instrução em pares (Peer Instruction) facilitados pelo uso dos Clickers (sendo hoje utilizado em várias plataformas). Esta proposta mostra o grande potencial da tecnologia de feedback contínuo com a turma, preenchendo a lacuna da interatividade necessária entre professor e alunos. As experiências mostram que é possível centralizar o ensino no aluno em grandes turmas e que os clickers é a inovação tecnológica para a educação que ajuda na melhoria da qualidade como também no aumento dos níveis de produtividade (número de alunos/professor). Poder ensinar turmas de 200 a 300 alunos em níveis semelhantes a turmas normais de 40 a 50 alunos, mostra o salto de produtividade pela adição real de valor. As melhorias de desempenho no aprendizado apresentadas em várias pesquisas alcançam níveis de 30 a 45% nos indicadores. Os índices de satisfação por parte de alunos e professores são acima de 80%. Os resultados de muitas pesquisas mostram ser uma das tecnologias promissoras para a educação neste início do século. Os custos podem ser reduzidos de forma significativa quando pensarmos nos aspectos de escala e curva de aprendizado. A maioria das universidades americanas resolveu o modelo de negócio, considerando o uso dos controles como material didático obrigatório em sala de aula, como é o caso dos livros, cadernos e canetas. As universidades estaduais o usam também como material didático e é disponibilizado aos alunos como empréstimo nas bibliotecas no campus.

Uma opção web e telefone celular como clicker se apresenta como real ameaça e inovação disruptiva e um substituto quase certo (Polleverywhere). Isto deve trazer novas perspectivas nos modelos de negócio possíveis e tecnologias das mais variadas. Vejo por enquanto uma questão gradual que deve ser administrada para quem está no jogo, este é sim um alvo móvel.

Esta tecnologia não deve ser considerada uma moda, senão pelos resultados significativos alcançados de melhoria e pela aprovação dos usuários deve ser avaliada a sua viabilidade e implantação de forma mais consistente. Os argumentos de que isso é coisa de americano ou que é somente para primeiro mundo não é mais desculpa para não agir.

Novas tecnologias surgem e novos paradigmas são quebrados, tal como está acontecendo com as propostas do ensino a distância e os novos modelos pedagógicos sendo implementados e novas propostas do uso da web como são os Learning Journal e a educação baseada em projetos (ver site da Edutopia e as experiências na HTH um modelo de escola do futuro).

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