sábado, 26 de dezembro de 2009
Inovar para sair da Comoditização
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
A Entrevista com o Ex Chefão da Proter & Gamble vale a pena
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Inovação e a Escola do Futuro
Por mais de uma vez tenho sido chamado para dar apoio no repensar estratégico de algumas escolas particulares. Tentarei descrever as minhas percepções e resultados de pesquisas que embasam meu ponto de vista.
No início do século
Os péssimos resultados alcançados pelo Brasil na segunda pesquisa do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) mostra que a coisa não vai ser simples de solucionar.
Acredito que inovar radicalmente é a saída para vencer este desafio. Os cenários mostram que deveremos ter soluções radicais e até mesmo as inovações disruptivas devem ser as que criarão os novos formatos nas correntes da inovação puxada pelo mercado e as inovações tecnológicas e de novos modelos de negócio. O conceito de "Disrupting Class" de C. Christensen comparte sua visão dos efeitos das inovações disruptivas e como o ambiente e as tecnologias tem a força de mudar e dar respostas às necessidades de uma educação centrada no aluno.
O mais desafiador é construir uma escola centrada no aluno e ao mesmo tempo uma educação customizada. O país precisa inovar de forma mais consistente e investir de forma mais coerente com a dimensão do problema. Preocupa a miopia das políticas públicas que estão mais focadas em ampliar o acesso à educação do que criar uma educação sintonizada com o século 21. O Ministério de educação e C&T está em praticar a grande aposta, com influência clássica dos economistas típicos, ou seja, focada na melhoria da produtividade, por isso sua orientação de investimentos pesados em EaD (Educação a Distância).
Os principais questionamentos hoje são:
- Quais habilidades, conhecimentos e apoio precisam os professores para que possam desenvolver um aprendizado inovador entre os alunos?
- Qual é a estrutura organizacional e parceria melhor apóio para oferecer uma capacitação inovadora aos alunos?
- Quais são as TIC mais efetivas de serem utilizadas para inovar o processo de ensino aprendizado?
- Como o ambiente e arquitetura deve ser criado para implementar um aprendizado inovador?
Para entender melhor o futuro que se aproxima, um trabalho muito interessante são os cenários elaborados por um grupo da OECD em 2001, olhando um horizonte de
Extrapolação do status quo
Cenário 1. SISTEMAS ESCOLARES BUROCRÁTICOS FORTES
- Burocracias fortes e instituições sólidas;
- Os direitos adquiridos resistem às mudanças fundamentais;
- Persistência dos problemas de imagem e de recursos da escola.
Cenário 2. EXPANSÃO DO MODELO DE MERCADO
- A insatisfação geral conduz à reconfiguração dos sistemas públicos de financiamento e de valorização;
- Valorização do mercado dos indicadores e dos mecanismos de validação baseados na procura;
- Maior diversidade dos prestadores e dos profissionais, maiores desigualdades.
Reescolarização
Cenário
- Confiança significativa da opinião pública e nível elevado de financiamento público;
- A escola no coração da comunidade e centro de formação do capital social;
- Diversidade organizacional/profissional acrescida, maior equidade social.
Cenário
- Nível elevado de confiança e de financiamento público;
- Importante desenvolvimento dos contactos entre escolas e professores em organizações aprendentes;
- Qualidade e equidade.
Desescolarização
Cenário 5. REDES DE APRENDENTES E A SOCIEDADE EM REDE
- Insatisfação generalizada relativamente aos sistemas escolares organizados e rejeição destes;
- Os conhecimentos adquiridos por via das TIC fora das estruturas formais reflectem a “sociedade em rede”;
- Comunidades de interesses, riscos de sérios problemas de equidade.
Cenário 6. ÊXODO DOS PROFESSORES – A DESINTEGRAÇÃO
- Elevada carência de professores, não resolvida pela acção governamental;
- Os conflitos e a diminuição da qualidade provocam “desintegração”;
- A crise gera numerosas inovações, mas o futuro mantém-se incerto.
Neste sentido cito o Dr. C. Y. Cheng, Diretor do Centro para Pesquisa e Colaboração Internacional no Instituto de Educação de Hong Kong, que se alinha aos cenários e estudos desenvolvidos, tendo proporcionado uma contribuição significativa com relação a este trabalho. Cheng propõe que todo empreendimento em educação, inclusive escolas, sistemas educacionais e universidades, precisam de um novo paradigma para moldar suas operações, ilustrado na Tabela A. Na coluna direita observamos o pensamento tradicional, onde os estudantes e sua aprendizagem são parte da reprodução e de um processo de perpetuação do conhecimento existente e uma estrutura da força de trabalho, de maneia a sustentar o desenvolvimentos da sociedade, particularmente nos aspectos sociais e econômicos. Não é uma surpresa que os estudantes percebam a educação como um processo de aprendizagem de “reprodução” de maneira e satisfazer as necessidades da sociedade.
Tabela A. Ilustra o paradigma da mudança no ensino
Novo Paradigma | Paradigma Tradicional centrado no local e no professor |
Ensino individual · O professor é um facilitador no apoio no aprendizado dos estudantes. · O professor é de multiple inteligência. · O éstilo de ensino individualizado. · O ensino é para aumentar a curiosidade. · O ensino é um processo para iniciar, facilitar e apoiar no auto-aprendizado e auto-atualização dos estudantes. · Partilhar da alegria e diversão com os estudantes. · O ensino é um processo de aprendizado para toda a vida | Ensino reproduzido · O professor é o centro do processo de educação · Professor parcialmente competente · Estilo de ensino padrão · Ensino é para transformar conhecimento · Ensino é um processo disciplinar, entrega, treinamento e de socialização. · Alcançando padrões nas provas e examens · Ensino é um processo de transferencia e aplicação. |
Ensino localizado e globalizado · Fontes de ensino e conhecimento multiples local e global. · O ensino é baseado em rede · Os estudantes podem aprender com experiências classe-mundial · Oportunidades de ensino sem limites · Professores com perspectiva local e internacional | Ensino ligado à Escola · Professor como única fonte de ensino e conhecimento · Ensino fragmentado · Ensino ligado ao local · Oportunidades limitadas de aprendizado · Única experiência na escola |
Como parte de uma série de premissas para encarar os cenários em formação, Cheng propõe o conceito ‘triplisation’: globalização, localização individualização.
· Globalização refere-se à transferência, adaptação, e desenvolvimento de valores, conhecimento, tecnologia e normas de comportamento por países e sociedades em partes diferentes do mundo. Os fenômenos típicos e características associadas com a globalização. Incluem crescimento da rede global (internet, world wide e-comunicação e transporte), transferência global e fluxos de informação (interflow) nos aspectos tecnológico, econômico, social, político, cultural e de aprendizado, alianças internacionais e competição, colaboração internacional e troca, aldeia global, integração multi-cultural e uso de padrões internacionais e pontos de referência.
· Localização: refere-se à transferência, adaptação, e desenvolvimento de valores relativos ao conhecimento, tecnologia, e normas de comportamento dos contextos locais. Tem dois tipos de significados: primeiro, pode significar a adaptação de valores externos todos relacionados a iniciativas e normas para nivelar satisfazer as necessidades locais relativas à sociedade, comunidade ou local; segundo, também pode significar aumentar a significância de valores locais, normas, preocupação, relevância, participação e envolvimento nas iniciativas relacionadas e respectivas ações.
· Individualização refere-se à transferência, adaptação, e desenvolvimento de valores externos relativos ao conhecimento, tecnologia, e normas de comportamento para atender as necessidades e características individuais. A importância de individualization para o desenvolvimento humano e desempenho está baseado nas preocupações e teorias de motivação humana e necessidades (por exemplo Maslow, 1970; Manz, 1986; Manz & Sims, 1990; Alderfer, 1972).
Por outro lado se considera que o setor educacional movimente 9% do PIB brasileiro e isso é bem razoável para ficar interessado e cheio de preocupação pelo que representa, não somente com relação a valor monetário, senão e principalmente como criador de valor de capital humano e social e como todo mundo sabe, a única forma para sair da miséria sem precisar usar soldados ou balas ou tanques.
Pesquisas patrocinadas pela OECD/CERI descrevem que a “Inovação” na escola como prática pedagógica que procura algumas ou várias das seguintes metas:
a) Promover processos de aprendizagem ativos e independentes nos quais os estudantes assumem uma responsabilidade pela sua própria aprendizagem;
b) Proporcionar aos estudantes competências e habilidades na manipulação de informação;
c) Encorajar prática de trabalho colaborativo e aprendizagem baseada em projeto;
d) Individualizada de instrução de prover; para endereçar direito de propriedade;
e) Decompor um configuração da aprendizagem tradicional nenhum tempo espaço de e;
f) “quebrar ou botar abaixo” como paredes de sala de aula;
g) Melhoria coesão da natureza e social do entendimento que os estudantes interagem com grupos e culturas com como que caso contrário eles não interagiriam.
Tenho testemunhado que na prática temos nos tornado especialistas em desenvolver diagnósticos amplos e complexos, porém na hora de elaborar as soluções temos agido de forma tipicamente analítica. Por isso também temos implementado soluções dispersas e em partes, com baixa coordenação de integração e sem seguir um pensamento sistêmico na hora de sua implementação. As próprias estruturas de governo são a causa, graças a sua dicotomia e baixa capacidade de trabalhar transversalmente. Tudo isso e muito mais tem conduzido a soluções fracas. Mesmo na própria escola este pensamento é muito presente. Ficamos presos a uma formatação de como ensinar, mesmo o PPP nas escolas, as propostas são uma cópia uma da outra. As propostas alternativas são muito mais propostas de diferenciação mais não algo consistente e definido baseado em pesquisa e experimentação. É claro que existem propostas muito promissoras, porém poucos são os casos realmente inovadores, ao mesmo tempo temos evoluído pouco nas regras do jogo e no mundo legal.
Pessoalmente me motivam as soluções radicais, como são os casos das políticas e proposta britânica. Praticamente a idéia é colocar todas as escolas no chão e levantar novas escolas, desenhadas com as mais modernas propostas em estrutura, modelos pedagógico, novas competências e criar totalmente novos ambientes de aprendizado.
No relatório do projeto: "Building Schools for the Future (BSF) is the largest single capital investment programme in schools in
Não é discurso é matemática financeira, taxa de retorno e de valor presente líquido e lógica clara de investimento de longo prazo. Os ingleses não são demagógicos nesse ponto, é simplesmente uma política de investimentos inteligente.
Não percebemos que nossas crianças e jovens estudam em escolas que foram invenções sociais cujo conceito tem séculos. Os Sumérios que a inventaram em
Inovações de alto nível na educação deverá vir apostando na formação de professores mais adequados aos novos tempos e os novos formatos no mundo do trabalho, a tabela acima mostra claramente a mudança no papel do educador. Mostrando a necessidade de novas relações empregatícias / trabalhistas. Indivíduos com formação diversificada e contratos flexíveis é o quadro futuro.
Infra-estrutura e uso intensivo de TIC é obrigatório e não dá para ser menos nos dias de hoje. Os investimentos em tecnologias pedagógicas aumentará, somente que isto deve ser uma tarefa integrada com as duas soluções de arquitetura da escola e as novas competências dos educadores. Fora todos os aspectos relacionados acima, o papel de uma gestão competente é básico e todo o relacionado a um modelo organizacional e um modelo de gestão aderente às exigências da escola do futuro.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Mais um modelo de negócio que gera oportunidades de trabalho
domingo, 1 de novembro de 2009
GOOD.IS é uma Excelente Proposta em Diversos Temas
sábado, 24 de outubro de 2009
Inovação na Gestão Urbana e a Qualidade de Vida nas Cidades
Dez anos atuando em projetos no setor público me ajudaram a entender um pouco dos desafios enfrentados pelos governantes municipais e equipe. Consegui com o tempo alguma habilidade de observação do ecossistema cidade e é claro como engenheiro tenho também o meu olhar naturalmente analítico e consigo identificar os pontos chave da problemática de uma cidade. Também pesquisando continuamente sobre soluções inovadoras nas áreas de gestão pública e de cidades, tecnologias e novas práticas, me ajudam a ter uma visão do que uma cidade precisa para alcançar melhores níveis de qualidade de vida. Hoje quando visito cidades de porte visualizo facilmente a existência de uma gestão efetiva orienta a pessoas ou um governo ignorante do que significa gerenciar o complexo sistema de uma cidade.
O Brasil é um exemplo de grandes diferenças entre a cidade que é orientada à felicidade das pessoas e aquelas cidades no caos ou rumo ao caos sem retorno. O termo usado no mundo para qualidade de vida nas cidades é conhecida como livable cities. Existem indicadores de qualidade de vida
(http://www.livablecities.org/ ;
http://en.wikipedia.org/wiki/World's_most_livable_cities).
Em termos de qualidade de vida, São Paulo caiu da 114ª posição em 2007 para a 119ª neste ano (ver).
Por exemplo, quando se pesquisa na web sobre a região metropolitana de Vancouver se descobre o que torna possível estar nestas listas entre as dez melhores. Pode-se entender que sua classificação não veio por uma simples conclusão de fazer parte de um país como o Canadá. É claro que ajuda mas não é tudo. Ressalto que a existência de uma gestão estratégica consistente e que vem sendo executada de forma magistral colabora para Vancouver ser uma das cidades com melhor qualidade de vida no mundo.
Transformar uma cidade em situação caótica em um lugar com alta qualidade de vida é uma tarefa tremendamente desafiadora. O grande obstáculo é a existência de hiatos entre o que deveria ter sido feito há muito tempo atrás e a situação atual e sua realidade a que os cidadãos são submetidos nas grandes cidades. Os hiatos são especialmente amplos e volumosos em cidades como São Paulo. O meu primeiro contato com a cidade de São Paulo no início dos anos 80 e também quando vivi lá por dois anos nos 90, foi uma experiência muito boa e poderia dizer que gostava da cidade, a locomotiva brasileira. A cidade mostrava ser a verdadeira metrópole da américa do sul, de riquezas culturais significativas e uma dinâmica sócio-econômica substancial, sistema de transporte em plena expansão e diversificação e investimentos consistentes por toda a cidade. Nestes últimos dois meses (setembro e outubro de 2009), circulando pela cidade (centro e periferia) de São Paulo ganhei uma nova visão sobre a cidade e minha percepção é que o hiato está ficando maior e com possibilidades de não mais retorno. A possibilidade de não ter mais retorno são cada vez mais uma grande probabilidade para o futuro de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Ou seja, os investimentos necessários para encurtar este hiato são de um tamanho tal que não existem recursos disponíveis viáveis para reverter o quadro.
Planejamento de longo prazo e atuação permanente de uma gestão consistente foi chave para a maioria das cidades com qualidade de vida. Quem fica parado provavelmente tende a ficar cada vez pior. A forma de ver isto é o caso da escada rolante descendo e uma pessoa tentando subir. O futuro de uma cidade com qualidade de vida é alcançado subindo a escada. Se esta parar, a coisa inicia o processo de pioria contínua. Se a pessoa sobe na mesma velocidade da escada (consegue manter o status quo), dentro de uma visão relativa este fica parada na escada. A forma de sair da situação é andar mais rápido ou superar a conjuntura criada pela realidade e seu entorno e superando os desafios através de inovações. Uma gestão estratégica da cidade como também manter uma atitude e ação inovadora, ajuda a superar a subida na escada.
A cidade de São Paulo em sua busca por soluções está apostando em possíveis saídas para solucionar seu caos no sistema viário e de transporte público. Uma das propostas de solução é tornar economicamente proibitivo circular com automóveis pelo centro da cidade aplicando um pedágio no centro da cidade como fez Londres com o uso intensivo de TIC. Outra saída proposta para São Paulo é mais km de metro / ano. Até 2006 eram 1,5 km por ano de metro, a meta hoje é dobrar este valor. Vejo que as medidas realmente não são suficientes para uma cidade onde os engarrafamentos são diários e sem hora de rush marcada, como seria o normal. O fracasso do transporte público nas ruas de São Paulo mostra que as propostas são somente para manter o status quo. Mais de 1,2 milhões de veículos por ano que entram em circulação na cidade de São Paulo mostra que talvez o futuro seja não conseguir manter nem o status quo, o mais certo será que o sistema travará a qualquer momento. Não existe o botão de reset para este tipo de sistema. O que mais pesa é que hoje são bilhões de R$ perdidos em produtividade por ano com pessoas que ficam ociosas em automóveis e ônibus por mais de quatro horas no transito na maioria do tempo da semana.
A cidade de São Paulo é o típico caso da necessidade de inovações de alto nível e de peitar pela sua implementação. É necessário quebrar o status quo e os acordos para mantê-lo. Tecnicamente, é um desafio realmente de alta complexidade, que requer inovações de nível superior e liderança criativa e visionária. Muitas políticas públicas poderão ser de extrema impopularidade no início devem ser desenvolvidas e aplicadas como também mudanças institucionais profundas. Sabemos claramente que não é um problema simples de engarrafamento senão um problema sistêmico de hiper complexidade. Uma cidade é muito mais do que ruas, praças, escolas, hospitais e sistema de transporte.
Sabemos quando se dão exemplos de outros lugares, as pessoas imediatamente reagem dizendo que é tudo diferente e que não dá para comparar e que não se conhece a realidade do local. O exemplo que trago é Bogotá Colômbia onde grandes mudanças foram implementadas no início do século 21. Cidades da Colômbia enfrentavam problemas sérios de segurança, nos anos 90 eram conhecidas como um dos lugares mais perigosos do mundo, se poderia dizer que para muitos não tinham retorno. Bogotá tinha um sistema caótico de transporte, controlado pela máfia colombiana e todas as mazelas que acompanham o quadro sócio-econômico da maioria dos países de América Latina. Hoje Bogotá com mais de 7 milhões de habitantes com um sistema de transporte público de invejar, alias copiado de uma cidade brasileira, a famosa Curitiba. Os governantes peitaram e implementaram inovações no sistema urbano, valorizando as pessoas mais que os automóveis. A violência diminui ano a ano, o PIB da Colômbia cresce a mais de 8 a 9 % ao ano e todos os benefícios de acreditar em idéias e coragem de implementar enquanto tudo era contra, não somente buscando votos senão qualidade de vida para a maioria.
Curitiba e todas as inovações e propostas que conseguiu implementar são geralmente desprezadas por nossos técnicos municipais na maioria das cidades do Brasil, alegando uma série argumento de que Curitiba é mais marketing e que as características de Curitiba é o que torna possível o seu sistema funcionar. Por outro lado tem Colombianos, Equatorianos, Norte Americanos (de Los Angeles California), Panamenhos e Filipinos, usando as invenções sociais de Curitiba. Agora me digam que cidade do Brasil utiliza as criações de Jaime Lerner e tem implementado uma gestão com um planejamento de longo prazo em suas cidades e alcançado níveis superiores de desempenho? São muito poucas. Alguns utilizaram vias dedicadas para ônibus em seus sistemas, de forma tímida na maioria das vezes. Na maioria dos casos o famoso ditado "fora, não inventado aqui" é muito presente no país.
Também, a questão não é somente copiar senão adotar atitude inovadora e a prática de planejamento e visão de longo prazo, criando o futuro e não se adaptando a ele. Morei 4 anos e meio na cidade de Curitiba e ir de ônibus ao centro era mais racional, conveniente, confortável e pontual do que ir de carro. Isso é política púbica de valor convincente!. Cada vez que viajo para lá vejo que a cidade não espera ser pega pela conjuntura e seu entorno, mesmo tendo grandes problemas para solucionar, não se percebe algo como um futuro sem retorno. Todo mundo sabe o poder de atração que cidades com qualidade de vida atraem emigrantes como flores atrai as abelhas, criando taxas de crescimento demográfico superiores a 2 ou 3% e sem uma ação eficaz teremos problemas no futuro. Ações claras de gestão estratégica e a aplicação dos instrumentos tecnológicos e legais devidamente desenvolvidos tornam possível solucionar problemas sérios como crescimento desordenado que é um dos calcanhares de Aquiles de muitas cidades.
Moro em uma cidade (Florianópolis) onde o hiato está surgindo em tamanho e gradualmente perceptível em função do seu crescimento, em vários momentos muito desagradável por saber que pouco está sendo feito para solucionar.
Acredito que toda cidade precisa de uma gestão estratégica, pode ser algo centralizado como é o caso de Curitiba ou uma forma mais participativa e democrática como é o caso das famosas cidades e regiões como Barcelona, Valencia e Mondragon (Espanha), Vancouver (Canadá), Tampa Bay, Silicon Valley e San Francisco (USA) para mencionar algumas. O importante não é qual é a melhor, mas o que é urgente decidir é que alguém assuma a responsabilidade de criar um futuro para a cidade. Ela não surge do nada.
Alguns políticos olham o planejamento estratégico de cidades como projetos somente para aparecer no cenário político ou unicamente para aumentar o seu capital político dentro de um pensamento de imediatismo absoluto. De um ponto de vista de inteligência política aderir a este tipo de projeto é razoável, porém sem esquecer de considerá-lo um meio e não um fim. Confundir isto é o primeiro passo para o fracasso de muitos planejamentos de cidades e essencialmente da gestão da cidade. Outra causa de fracasso é a falta de competências para coordenar, elaborar e executar o planejamento estratégico de uma cidade, em outras palavras criar um processo de gestão estratégica requer também uma estrutura organizacional e competências que possibilite capacidade executiva.