sexta-feira, 20 de novembro de 2009
A Entrevista com o Ex Chefão da Proter & Gamble vale a pena
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Inovação e a Escola do Futuro
Por mais de uma vez tenho sido chamado para dar apoio no repensar estratégico de algumas escolas particulares. Tentarei descrever as minhas percepções e resultados de pesquisas que embasam meu ponto de vista.
No início do século
Os péssimos resultados alcançados pelo Brasil na segunda pesquisa do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) mostra que a coisa não vai ser simples de solucionar.
Acredito que inovar radicalmente é a saída para vencer este desafio. Os cenários mostram que deveremos ter soluções radicais e até mesmo as inovações disruptivas devem ser as que criarão os novos formatos nas correntes da inovação puxada pelo mercado e as inovações tecnológicas e de novos modelos de negócio. O conceito de "Disrupting Class" de C. Christensen comparte sua visão dos efeitos das inovações disruptivas e como o ambiente e as tecnologias tem a força de mudar e dar respostas às necessidades de uma educação centrada no aluno.
O mais desafiador é construir uma escola centrada no aluno e ao mesmo tempo uma educação customizada. O país precisa inovar de forma mais consistente e investir de forma mais coerente com a dimensão do problema. Preocupa a miopia das políticas públicas que estão mais focadas em ampliar o acesso à educação do que criar uma educação sintonizada com o século 21. O Ministério de educação e C&T está em praticar a grande aposta, com influência clássica dos economistas típicos, ou seja, focada na melhoria da produtividade, por isso sua orientação de investimentos pesados em EaD (Educação a Distância).
Os principais questionamentos hoje são:
- Quais habilidades, conhecimentos e apoio precisam os professores para que possam desenvolver um aprendizado inovador entre os alunos?
- Qual é a estrutura organizacional e parceria melhor apóio para oferecer uma capacitação inovadora aos alunos?
- Quais são as TIC mais efetivas de serem utilizadas para inovar o processo de ensino aprendizado?
- Como o ambiente e arquitetura deve ser criado para implementar um aprendizado inovador?
Para entender melhor o futuro que se aproxima, um trabalho muito interessante são os cenários elaborados por um grupo da OECD em 2001, olhando um horizonte de
Extrapolação do status quo
Cenário 1. SISTEMAS ESCOLARES BUROCRÁTICOS FORTES
- Burocracias fortes e instituições sólidas;
- Os direitos adquiridos resistem às mudanças fundamentais;
- Persistência dos problemas de imagem e de recursos da escola.
Cenário 2. EXPANSÃO DO MODELO DE MERCADO
- A insatisfação geral conduz à reconfiguração dos sistemas públicos de financiamento e de valorização;
- Valorização do mercado dos indicadores e dos mecanismos de validação baseados na procura;
- Maior diversidade dos prestadores e dos profissionais, maiores desigualdades.
Reescolarização
Cenário
- Confiança significativa da opinião pública e nível elevado de financiamento público;
- A escola no coração da comunidade e centro de formação do capital social;
- Diversidade organizacional/profissional acrescida, maior equidade social.
Cenário
- Nível elevado de confiança e de financiamento público;
- Importante desenvolvimento dos contactos entre escolas e professores em organizações aprendentes;
- Qualidade e equidade.
Desescolarização
Cenário 5. REDES DE APRENDENTES E A SOCIEDADE EM REDE
- Insatisfação generalizada relativamente aos sistemas escolares organizados e rejeição destes;
- Os conhecimentos adquiridos por via das TIC fora das estruturas formais reflectem a “sociedade em rede”;
- Comunidades de interesses, riscos de sérios problemas de equidade.
Cenário 6. ÊXODO DOS PROFESSORES – A DESINTEGRAÇÃO
- Elevada carência de professores, não resolvida pela acção governamental;
- Os conflitos e a diminuição da qualidade provocam “desintegração”;
- A crise gera numerosas inovações, mas o futuro mantém-se incerto.
Neste sentido cito o Dr. C. Y. Cheng, Diretor do Centro para Pesquisa e Colaboração Internacional no Instituto de Educação de Hong Kong, que se alinha aos cenários e estudos desenvolvidos, tendo proporcionado uma contribuição significativa com relação a este trabalho. Cheng propõe que todo empreendimento em educação, inclusive escolas, sistemas educacionais e universidades, precisam de um novo paradigma para moldar suas operações, ilustrado na Tabela A. Na coluna direita observamos o pensamento tradicional, onde os estudantes e sua aprendizagem são parte da reprodução e de um processo de perpetuação do conhecimento existente e uma estrutura da força de trabalho, de maneia a sustentar o desenvolvimentos da sociedade, particularmente nos aspectos sociais e econômicos. Não é uma surpresa que os estudantes percebam a educação como um processo de aprendizagem de “reprodução” de maneira e satisfazer as necessidades da sociedade.
Tabela A. Ilustra o paradigma da mudança no ensino
Novo Paradigma | Paradigma Tradicional centrado no local e no professor |
Ensino individual · O professor é um facilitador no apoio no aprendizado dos estudantes. · O professor é de multiple inteligência. · O éstilo de ensino individualizado. · O ensino é para aumentar a curiosidade. · O ensino é um processo para iniciar, facilitar e apoiar no auto-aprendizado e auto-atualização dos estudantes. · Partilhar da alegria e diversão com os estudantes. · O ensino é um processo de aprendizado para toda a vida | Ensino reproduzido · O professor é o centro do processo de educação · Professor parcialmente competente · Estilo de ensino padrão · Ensino é para transformar conhecimento · Ensino é um processo disciplinar, entrega, treinamento e de socialização. · Alcançando padrões nas provas e examens · Ensino é um processo de transferencia e aplicação. |
Ensino localizado e globalizado · Fontes de ensino e conhecimento multiples local e global. · O ensino é baseado em rede · Os estudantes podem aprender com experiências classe-mundial · Oportunidades de ensino sem limites · Professores com perspectiva local e internacional | Ensino ligado à Escola · Professor como única fonte de ensino e conhecimento · Ensino fragmentado · Ensino ligado ao local · Oportunidades limitadas de aprendizado · Única experiência na escola |
Como parte de uma série de premissas para encarar os cenários em formação, Cheng propõe o conceito ‘triplisation’: globalização, localização individualização.
· Globalização refere-se à transferência, adaptação, e desenvolvimento de valores, conhecimento, tecnologia e normas de comportamento por países e sociedades em partes diferentes do mundo. Os fenômenos típicos e características associadas com a globalização. Incluem crescimento da rede global (internet, world wide e-comunicação e transporte), transferência global e fluxos de informação (interflow) nos aspectos tecnológico, econômico, social, político, cultural e de aprendizado, alianças internacionais e competição, colaboração internacional e troca, aldeia global, integração multi-cultural e uso de padrões internacionais e pontos de referência.
· Localização: refere-se à transferência, adaptação, e desenvolvimento de valores relativos ao conhecimento, tecnologia, e normas de comportamento dos contextos locais. Tem dois tipos de significados: primeiro, pode significar a adaptação de valores externos todos relacionados a iniciativas e normas para nivelar satisfazer as necessidades locais relativas à sociedade, comunidade ou local; segundo, também pode significar aumentar a significância de valores locais, normas, preocupação, relevância, participação e envolvimento nas iniciativas relacionadas e respectivas ações.
· Individualização refere-se à transferência, adaptação, e desenvolvimento de valores externos relativos ao conhecimento, tecnologia, e normas de comportamento para atender as necessidades e características individuais. A importância de individualization para o desenvolvimento humano e desempenho está baseado nas preocupações e teorias de motivação humana e necessidades (por exemplo Maslow, 1970; Manz, 1986; Manz & Sims, 1990; Alderfer, 1972).
Por outro lado se considera que o setor educacional movimente 9% do PIB brasileiro e isso é bem razoável para ficar interessado e cheio de preocupação pelo que representa, não somente com relação a valor monetário, senão e principalmente como criador de valor de capital humano e social e como todo mundo sabe, a única forma para sair da miséria sem precisar usar soldados ou balas ou tanques.
Pesquisas patrocinadas pela OECD/CERI descrevem que a “Inovação” na escola como prática pedagógica que procura algumas ou várias das seguintes metas:
a) Promover processos de aprendizagem ativos e independentes nos quais os estudantes assumem uma responsabilidade pela sua própria aprendizagem;
b) Proporcionar aos estudantes competências e habilidades na manipulação de informação;
c) Encorajar prática de trabalho colaborativo e aprendizagem baseada em projeto;
d) Individualizada de instrução de prover; para endereçar direito de propriedade;
e) Decompor um configuração da aprendizagem tradicional nenhum tempo espaço de e;
f) “quebrar ou botar abaixo” como paredes de sala de aula;
g) Melhoria coesão da natureza e social do entendimento que os estudantes interagem com grupos e culturas com como que caso contrário eles não interagiriam.
Tenho testemunhado que na prática temos nos tornado especialistas em desenvolver diagnósticos amplos e complexos, porém na hora de elaborar as soluções temos agido de forma tipicamente analítica. Por isso também temos implementado soluções dispersas e em partes, com baixa coordenação de integração e sem seguir um pensamento sistêmico na hora de sua implementação. As próprias estruturas de governo são a causa, graças a sua dicotomia e baixa capacidade de trabalhar transversalmente. Tudo isso e muito mais tem conduzido a soluções fracas. Mesmo na própria escola este pensamento é muito presente. Ficamos presos a uma formatação de como ensinar, mesmo o PPP nas escolas, as propostas são uma cópia uma da outra. As propostas alternativas são muito mais propostas de diferenciação mais não algo consistente e definido baseado em pesquisa e experimentação. É claro que existem propostas muito promissoras, porém poucos são os casos realmente inovadores, ao mesmo tempo temos evoluído pouco nas regras do jogo e no mundo legal.
Pessoalmente me motivam as soluções radicais, como são os casos das políticas e proposta britânica. Praticamente a idéia é colocar todas as escolas no chão e levantar novas escolas, desenhadas com as mais modernas propostas em estrutura, modelos pedagógico, novas competências e criar totalmente novos ambientes de aprendizado.
No relatório do projeto: "Building Schools for the Future (BSF) is the largest single capital investment programme in schools in
Não é discurso é matemática financeira, taxa de retorno e de valor presente líquido e lógica clara de investimento de longo prazo. Os ingleses não são demagógicos nesse ponto, é simplesmente uma política de investimentos inteligente.
Não percebemos que nossas crianças e jovens estudam em escolas que foram invenções sociais cujo conceito tem séculos. Os Sumérios que a inventaram em
Inovações de alto nível na educação deverá vir apostando na formação de professores mais adequados aos novos tempos e os novos formatos no mundo do trabalho, a tabela acima mostra claramente a mudança no papel do educador. Mostrando a necessidade de novas relações empregatícias / trabalhistas. Indivíduos com formação diversificada e contratos flexíveis é o quadro futuro.
Infra-estrutura e uso intensivo de TIC é obrigatório e não dá para ser menos nos dias de hoje. Os investimentos em tecnologias pedagógicas aumentará, somente que isto deve ser uma tarefa integrada com as duas soluções de arquitetura da escola e as novas competências dos educadores. Fora todos os aspectos relacionados acima, o papel de uma gestão competente é básico e todo o relacionado a um modelo organizacional e um modelo de gestão aderente às exigências da escola do futuro.