Inovação no modelo de gestão é um tema em alta nos últimos 2 anos. Gary Hamel e Julian Birkinshaw fundadores do Managment Innovation Lab (MIL), ambos professores da London Business School, desenvolvem um trabalho sobre o assunto. Porém, ainda não vejo metodologia nem métodos descritivos à vista, somente uma visão de inovação baseado em processos experimentais. Pelo que consegui perceber de ambos autores, apresentam a definição de alguns princípios orientadores e em outros aspectos conselhos para o designer. Também o MIL cria uma base de dados de cases de empresas que enfrentam a competição com novas formas de gestão, ou seja, empresas que desafiam o status quo do Management.
O desafio é grande pelos requisitos necessários e pelo que um modelo de gestão representa no mundo competitivo. Está cheio de questões ideológicas, multidisciplinar por natureza e principalmente um projeto que deverá evoluir dependendo do nosso modelo mental dentro da perspectiva de ver as organizações como modelos mecanicistas, biológicos ou sociais. Na minha visão a inovação nos modelos de gestão deve ser encarada como uma atividade de design, seguindo duas linhas do pensamento sendo conscientes da complexidade: system thinking e design thinking.
O pensamento sistêmico (system thinking) é um bom ponto de partida conceitual e de confronto paradigmático, ao encarar a inovação de um modelo de gestão. O pensamento sistêmico é antes de tudo o exercício de nossa capacidade de síntese e uma forma de pensar diferente de nossa forma básica de vermos o mundo pelo modelo e prática analítica. É muito comum lembrar Einstein, o grande físico que quebrou enormes paradigmas do pensamento teórico da física. Ele dizia que “Sem mudar nossos padrões de pensamento não seremos capazes de solucionar os problemas que criamos com nossos padrões normais.” Dr. Russell Ackoff, o lendário professor de pesquisa operacional e grande contribuídor do pensamento sistêmico na gestão, dizia que normalmente os gestores ou executivos de empresas concordam com Einstein, porém não conseguem entender as suas implicações ou real significado.
Do blog de Chander, extrai partes importantes para entendimentos do tema pensamento sistêmico. Primeiramente, temos sido influenciados desde a renascença na forma como vemos e procuramos entender as coisas ou solucionamos problemas, ou seja, seguimos o pensamento analítico, normalmente seguindo três etapas:
1. Dividir em partes
2. Entender (funções, papeis, comportamento) o que cada parte faz
3. Montar o entendimento das partes para o entendimento do todo
Nossas estruturas de aprendizado, a forma de estudar ou o modus operandi do processo científico tem grande influência do pensamento analítico. Exemplificando, esta é a forma como são estruturados a maioria dos cursos na escola ou universidades. Quando estudamos administração, o fazemos em partes (finanças, contabilidade, marketing, supply chain, etc). A falta de uma disciplina integradora (e visão sistêmica) tem conduzido a manter este pensamento na forma de trabalhar e ver as organizações e até mesmo na forma em que criamos nossos modelos de gestão atualmente.
O pensamento analítico nos ensina o “como”, este nunca nos ensina o “por que”. Este nos dá conhecimento mais não entendimento. O entendimento vem da Síntese que explica o “por que”.
Capra descreve o “Pensamento sistêmico como um framework que se baseia na crença que os elementos (partes e componentes) de um sistema podem ser mais bem entendidos no contexto do relacionamento entre eles e com outros sistemas, antes do que isolados. A única forma para entender completamente o porquê um problema ou elemento ocorre e persiste, é entender a relação entre as partes e o todo.” (Capra, 1997)
Design Thinking
Não se tem certeza quando surge o Design Thinking no mundo corporativo. Este evolui das abordagens do desenvolvimento de novos produtos de fora para dentro, contrário ao pensamento de dentro para fora que era a abordagem comum das engenharias. Depois surge o Innovation by Design, onde o processo do design se destaca no cenário competitivo.
Design and System Thinking
O falecido pensador e grande professor do Management, Sumantra Ghoshal ensinou que além do velho modelo dos 3Ss (Strategy, Structure e Systems) deve ser acrescentado os 3Ps (Propósitos, Processos e Pessoas) na busca da melhoria da gestão. A proposta de Goshal nos leva ao modelo estrela descrita abaixo. Uma organização não pode ser considerada a agregação de funções e tarefas. Esta deve ser um sistema integrado. Os gestores de uma organização recebem a responsabilidade de desenhar o futuro desejável para a organização, e orquestrar interações e alinhar o poder dos propósitos dos indivíduos para criar este futuro (Lee, Shiba e Wood, Integrated Managment System, 1999).
Por outro lado e não menos importante é o entendimento do que é um modelo no mundo da ciência da gestão. Esta compreensão ajuda também no trabalho do designer. Michael Pidd define que "um modelo é uma representação externa e explícita de parte da realidade vista pela pessoa que deseja usar aquele modelo para entender, mudar, gerenciar e controlar parte daquela realidade". O conceito descreve que um modelo é um instrumento utilizado pelo designer para representar a realidade, neste caso é um instrumento para projetar um sistema de gestão. O processo de modelagem tem muita utilidade na administração científica. Por isso vejo uma grande oportunidade de pesquisa e desenvolvimento na criação de instrumentos de modelagem.