Agora podemos tratar de outra invenção e perspectiva, as malas que por séculos eram carregadas no braço ou mesmo arrastadas. Aconteceu no aeroporto, quando o Sr Bernard Sadow em 1970 mudou a nossa vida de carregadores de malas. Abaixo é descrito (no New York Times) o seu momento Eureka:
...... Mr. Sadow, ..., teve seu momento Eureka em 1970, ele carregava duas malas pesadas por um aeroporto quando regressava de férias com a família em Aruba. À espera na alfândega, ele disse, que observou um trabalhador sem esforço rolando deslizando com rodas uma máquina pesada ."Eu disse à minha esposa: 'Sabe, isso é o que precisamos para as bagagens'", lembrou o Sr. Sadow. Quando voltou a trabalhar, ele tirou fora as rodas deum guarda-roupa e os montou em uma grande mala de viagem. "Eu coloquei uma alça na frente e puxei, e deu certo", disse ele.
Esta invenção, para a qual ele detém a patente nos Estados Unidos que é a No 3653474, "Rolling bagagem," não decolou imediatamente, no entanto pacientemente tomou conta do mercado.
No início as rodinhas não chegavam inteiras entre os aeroportos, mas com o tempo e o surgimento de plásticos cada vez mais resistentes e criatividade e invetividade adicional, as soluções são robustas hoje.
Em 1989 um upgrade e mudança de paradigma: O piloto Bob Plath da Northwest Airlines desenvolve a mala Rollborad para tripulantes.
Naquele tempo o design thinking não existia, nem mesmo o design se cruzava ou se integrava aos temas engenharia e marketing com muita frequência. Curiosidade, será por isso que as rodas demoraram em chegar nas malas das famosas marcas de luxo como Louis Vitton ou Gucci, estas são caríssimas e na maioria dos modelos ainda não tem rodinhas. Como não são os donos que as carregam!!. Porém, no final dos anos 1990 os carregadores diminuíram e surgem um pouco menos frescura no dia a dia dos ricos, fez com que as marcas de luxo começassem a colocar rodinhas nas malas.
JTBD
Theodore Levitt dizia aos alunos:
O que a pessoa quer não é a furadeira de ½", é um furo de ½" !
Seguindo o pensamento JTBD as pessoas "contratam" os produtos ou serviços para ajudá-los a realizar uma tarefa, trabalho ou solucionar um problema. Não porque simplesmente "deu na telha comprar alguma coisa." Mesmo em nossa sociedade capitalista e de consumo, não todos somos impulsivos nas compras. Por isso, as pessoas na maioria das vezes contratam produtos e serviços, por que precisam de produtos ou serviços para ajudá-los a realizar alguma tarefa ou trabalho. Estas tarefas podem ser Funcionais ou/e Emocionais (Sociais e Pessoais). No quadro geral, existem as tarefas principais e as auxiliares. Para esta nova forma de ver o levantamento das necessidades o elemento de análise não são mais as pessoas ou o que elas estão pensando, senão a tarefa será o principal elemento de análise.
Compramos ou melhor contratamos uma mala Louis Vuitton, mais por uma necessidade Emocional - Social do que funcional, "como desejamos ser percebidos pelos outros". Ou compramos uma mala com rodinhas com determinadas especificações físicas e dimensionais para atender o que temos como necessidade, "de uma tarefa funcional a realizar as tarefas de organizar, proteger e facilitar o transporte de nossos pertences". Também podemos querer comprar uma mala de cor vermelha, por que gostamos muito desta cor específica ou em outras palavras, importa bastante "como nos sentimos bem e melhor com essa característica", esta é a necessidade de uma Tarefa Emocional - Pessoal.
Por outro lado, existem vários graus e situações de satisfação com relação às tarefas que realizamos hoje e a nossa expectativa de resultados quando contratamos produtos e serviços para realizá-las. Podemos ter casos de estarmos bem satisfeitos com o produto ou serviço que nos ajudam a realizar a tarefa. Da mesma maneira, mesmo satisfeitos o produto pode oferecer mais do que um cliente espera utilizar do produto (ex. usuários comuns do Computador Pessoal, normalmente usam bem menos do poder de utilidade da máquina). Em outros casos podemos estar insatisfeitos com a solução atual (com resultados incompleto) ou a não existência de uma solução para o desejado resultado esperado da tarefa.
No outro extremo do quadro, existem casos em que as soluções existentes são difíceis ou exigem de certas competências do consumidor para utilizar o produto. Também, existem restrições legais e econômicas, gerando segmentos de consumo, como também de não consumo.
Com as necessidades extraídas ou identificadas podemos facilitar o momento Eureka, seja pela inventividade, criatividade ou a descoberta de algo que faz realmente sentido.
Se analisarmos o relato do momento Eureka de Bernard Sadow, a identificação da tarefa, a solução vieram juntas e especialmente o questionamento e a mente curiosa, porque isto é assim? ou porque esta tarefa não pode ser realizada com esta outra solução existente e totalmente diferente?
A descoberta de algo existente e aproveitável para solucionar outros problemas existentes, é o que normalmente move a inovação nestes tempos de informação e inventividade desenfreada. A grande sacada da inovação vem com a prática e disciplina, esta exige cada vez mais mente alerta, curiosidade, observação, comparação, informação, conhecimentos (diversos), cultura, experimentação e prototipagem, polinização cruzada e sentir que tudo pode melhorar.