sábado, 9 de junho de 2012

EdX uma Inovação Disruptica de alcance planetário


Ao analisar os cenários  no setor da educação superior notei vários sinais de inovações surgindo no horizonte. Porém entre os cenários percebi algo que chamou a minha atenção, são as iniciativas e propostas revolucionárias feitas por algumas universidades dos Estados Unidos e entre as mais prestigiadas do mundo. Entre estas temos e que se destacam Stanford, MIT e Harvard. Estas universidades pretendem liderar a disrupção do sistema de educação como o conhecemos por meio de novos modelos. O interessante é que estas estão criando um futuro de certa forma inesperado, tornando-se disruptores de seus próprios modelos de negócio seguindo o postulado, inove ou morra.
Não sou o único a ver estes sinais, ficou obvio quando li o post de Augusto Franco sobre MULTIVERSIDADE, percebi que a coisa estava crescendo em evidência quando escreveu o seguinte: "Pierre Levy (2010) tuitou recentemente que as universidades não têm mais o monopólio do conhecimento, apenas do diploma. É difícil discordar da sentença. Cabe agora ver por quê. E o quê surgirá no lugar dessas instituições medievais que remanescem na contemporaneidade"
Analisando a afirmativa de Levy e respondendo ao questionamento de Augusto Franco, dois casos se tornam símbolos e despertam um insight e ao mesmo tempo é parte da resposta.
Primeiro, a Universidade de Stanford deu o ponta pé na disputa colocando cursos online através da stanfordengineering everywhere. O programa inicia com o curso pioneiro “Introdução à Inteligência Artificial” ofertado entre Outubro a Dezembro de 2010, Sebastian Thrun foi.  o professor. O curso atraiu mais de 160.000 pessoas de mais de 190 países. Os cursos são oferecidos online e free com certificado na conclusão do curso e semelhante ao dado na própria Stanford no presencial. Somente para fazer uma pequena comparação, usando dados Wikipedia, Stanford tem um pouco mais de 15.000 alunos matriculados e a USP tem aproximadamente 73.000 alunos, se alguém tem dúvidas com a escalabilidade das iniciativas. Thrun depois fundou com outros super Stanford nerds a AUDICITY, que oferece cursos online também  no mesmo formato.
Um segundo caso surge no leste dos Estados Unidos. Há algum tempo venho acompanhando as propostas e contribuição do MIT no movimento de democratizar o que acumulou de conhecimento. Um exemplo de sua contribuição do MIT é a disponibilização dos seus materiais didáticos (mitopencourceware) mesmo em diferentes idiomas (entre estes tem vários em versão em português).
Mas o MIT foi mais fundo neste processo, ultimamente um projeto audacioso afetará ainda mais as regras do jogo, e é realmente uma dessas inovações disruptivas "super killers" e radicalmente provocantes para os defensores da manutenção do status quo das universidades. Nos últimos meses aconteceu a criação da not-for-profit Joint Venture entre MIT e Harvard, com a marca EdX. O programa se baseia na iniciativa de educação online do MIT lançado em 2010 com provas e direito a um certificado. São U$ 30 milhões de cada lado para começar.

 

O projeto EdX traz como ideia principal disponibilizar estruturas de conhecimento na nuvem, na forma de  objetos digitais com conteúdo multimídia do seu portfólio de disciplinas presenciais. O portal EdX oferecerá cursos online tal qual são oferecidos no formato presencial pelas duas instituições, porém online. Seu conteúdo será disponibilizado em várias mídias, como gravações em vídeos das aulas presenciais, aulas virtuais como as que Sal Khan popularizou na web, material didático – (material pedagógico, mesmo o livro texto da disciplina, etc), e o principal de tudo será free.
O terceiro ato é o COURSERA, resultado da união entre as famosas Princeton, Michigan, Pennsylvania e Stanford que seguem o mesmo caminho na oferta on line de cursos de alto nível. Parece que a coisa está ficando cada dia que passa cria forma. 
O modelo das universidades com origem dos anos de 1.088 A.D. e aquilo que entendemos o que é uma universidade hoje, deverá sofrer mudanças profundas nos próximos 10 a 15 anos. Estas joint ventures efetivadas pelas mais prestigiadas universidade do mundo pode gerar grandes efeitos no sistema educacional mundial. Não é pouca coisa, somente a meta da EdX tem enfoque global e meta para atingir uma população de 1 bilhão de pessoas, pensemos  um pouco, são somente duas universidades servindo 1/7 da população mundial. Não é somente mais um projeto é uma inovação de alto impacto e um insight de algo que poderá mudar todos os conceitos de educação superior como a conhecemos.
Temos ouvido falar muito de ensino a distância (EAD) e seus benefícios, mas esta proposta de valor e modelo de negócio, especialmente, traz componentes de diferenciação nunca vistos antes. Especialmente pela contínua melhoria das tecnologias de ensino a distância, os seus custos de distribuição e mesmo o alargamento da banda. Um exemplo simples é uma tecnologia em embrião, onde vídeos no Youtube podem ser legendados em função da voz e assim traduz do inglês para outras línguas como desejado pelo expectador. Testem o vídeo acima, apertando o batão "CC" na base de controles do vídeo. Esta é uma das típicas inovações disruptivas, que quando inicia é de baixo desempenho, mas evolui progressivamente melhorando e supera as tecnologias dos titulares, ou mesmo a tarefa de tradutor como o conhecemos poderá ser substituída. Os fãs de ficção científica devem lembrar dos sistemas de tradução simultânea nos filmes Jornada em Estrelas ou Guerra nas Estrelas. Em 1997 comprei um sistema da IBM de comando e reconhecimento de voz, o ViaVoice. O sistema falhava muito e tinha um dicionário limitado. Atualmente celulares possuem sistemas cemelhantes e funcionam muito bem. Acredito que mais 10 anos teremos os sistemas de tradução muito eficientes e eficazes, como também mecanismos de inteligência artificial que aprenderão rapidamente as nuances, subjetividade, gírias e outras características idiomáticas, vencendo as barreiras atuais da tradução por instrumentos digitais, assim teremos opções muito interessantes de comunicação global viabilizando cada vez mais a educação em massa e global online.  
Hoje qualquer pessoa poderis se matricular no curso online oferecido pelo MIT, "Circuits and Electronics"  6.002x (é um projeto piloto do EdX). O curso é dado pelo Professores Anant Agarwal, com Gerald Sussman e Piotr Mitros, nos moldes semelhantes aos dados no próprio MIT. O curso atraiu mais de 120.000 alunos, embora apenas cerca de 10.000 ficaram no curso até o exame de metade do período.
O difícil de prever são as consequências do projeto, mas que dá o que pensar e uma dor de cabeça para outros, vai.

Clayton Christensen e colaboradores em suas duas últimas obras orientadas à educação, “Disrupting Class” e “Disrupting  College”, descrevem melhor o fenômeno e apontam este tipo de mudanças que deverá acontecer com maior frequência no futuro. Resumindo o fenômeno é analisado com as lentes da teoria da inovação disruptiva ou de ruptura para outros. Este tipo de inovação quando surge são aqueles produtos ou serviços de baixo desempenho, porém com os anos ou mesmo meses avança em desempenho e rompe com os modelos estabelecidos pelas empresas titulares, que naquele momento os seus lideres  acreditam que amanhã será um dia como ontem. Para enfrentar a inovação disruptiva existem vários pontos onde se precisa ter cuidado. Existe a necessidade de atender com novas proposta de valor as necessidades dos que pertencem aos segmentos de não consumo ou aqueles menos exigentes.
Nos últimos 10 anos testemunhamos o crescimento dos cursos de graduação, pós-graduação 100% Educação a Distância (EAD) ou híbridos (EAD + Presencial). Pelos índices de satisfação de alunos o modelo melhorou muito nos últimos anos do que era no final dos anos de 1990. Mudanças de canal de distribuição (de satélite para web) que a tornou cada vez mais capaz, simples, conveniente e estruturas de custos mais competitivas. A evolução das tecnologias de suporte para esta forma de serviço de educação tem melhorado sua acessibilidade. A teoria da inovação disruptiva foi uma voz de advertência para os titulares. Muitas universidades têm investido em EAD e se percebe algumas delas fracassando em seus empreendimentos, especialmente pelas falhas no modelo de negócio. A simples adição de cursos EAD em modelos de negócio tipicamente orientados para o formato presencial mostram os especialistas que foi a principal falha estratégica e que afeta o desempenho operacional é claro como um todo. Desconsiderando a necessidade de ter um modelo de negócio e estratégia formatada pelas competências, segmentos de clientes prioritários, necessidades e prioridades identificadas, capacidades, e outros atributos.
Uma tendência será termos universidades que somente concentrarão seu modelo de negócio nos direitos de avaliar a qualificação e certificar estudantes indivídais. Em outras palavras o modelo de negócio essencialmente será de vender diplomas, prestígio e conhecimento específico, escasso e de alto valor. Não mais terão o monopólio do ensino aprendizado como o conhecemos. Um dos  objetivos dos projetos que irão acontecer com maior frequência é criar, organizar e armazenar conhecimento explícito (por enquanto) será disponibilizado na Cloud e a maioria deste conteúdo será livre e em vários idiomas. Acredito que a nova filantropia poderá contribuir neste sentido de acelerar o processo de disrupção. São bilhões de dólares nas mãos de profissionais e gente com visão que poderá financiar estas disrupções como acontece atualmente nos projetos para criar a escola do século 21. Projeto orientado para escolas públicas, gerando uma educação altamente diferenciada e de qualidade formando o estudante para a realidade do século 21. Entre os novos filantropos temos o casal Gates que também administra não somente a própria fortuna orientada, mas também os bilhões filantrópicos de W. Buffet. Outros bilionários estão sendo convencido a fazer o mesmo movimento de mudar coisas que o setor público fracassou e com objetivos de criar verdadeiras mudanças na qualidade da educação para todos.  

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