sexta-feira, 4 de março de 2011

Saúde para todos exige inovação radical

Sou consciente que o problema da saúde pública é gigantesco e terrivelmente complexo. Mas algumas coisas precisam mudar para que a saúde da população melhore. Quando os médicos me diagnosticaram que tinha diabetes a primeira coisa que recomendaram é uma mudança radical na alimentação. Todo diabético sabe que as comidas saudáveis são a melhor opção para manter-se fora dos indicadores perigosos de açucar no sangue como também de colesterol. É normal ver nas receitas de médicos recomendar novos padrões de alimentação, acredito que é a recomendação que todo médico consciente deve fazer, fora dos remédios focados em recuperar normalidade e de controle. Sabemos que temos problemas sérios de saúde epidemiológicos provocados pela péssima alimentação da população. Você percebe claramente isto quando entra no supermercado ou hipermercados das massas e procura alimentação saudável. Ao analisar prateleiras se nota que a cadeia de valor de alimentos das massas não está orientada para este fim de levar o nosso corpo ser saudável. Os alimentos "saudáveis" criados e produzidos dentro do conceito de um mercado restrito "diferenciado" não fazem parte do cardápio das massas, não fazem parte da cultura alimentar do povo. O posicionamento destes alimentos são basicamente orientados a clientes doentes que precisam comer isto que ninguém quer e que para isso deve pagar mais caro por eles visto que é melhor comer isto do que tomar remédio.
Nos Estados Unidos uma cadeia de varejo de alimentos a Whole Foods Market está fazendo sucesso em oferecer somente alimentos saudáveis, mais ainda assim não é um estabelecimento das massas. Precisamos de uma inovação radical neste ponto. Primeiramente enxergo esta questão como uma questão de saúde pública e por isso precisa de decisões pesadas de políticas públicas. Campanhas de conscientização que uma boa alimentação é positivo para melhorar a saúde não é mais suficiente para criar valor social e de melhoria da saúde. A questão é mexer com o sistema e toda a cadeia. Precisamos algo que mude a cadeia de criação, desenvolvimento, produção e distribuição dos alimentos para as massas. Inovação nos sistemas de produção de alimentos em todas as dimensões da cadeia, chegando assim alimentos mais saudáveis com preços adequados na boca das massas. Acredito muito que alimento pode ser gostoso, agradável, fácil de fazer e mesmo assim saudável. Também sei que isto não é um trabalho de um dia para outro, mas precisa começar pela alimentação. Criar cadeias produtivas de alimentação saudáveis e de alta produtividade não é uma coisa simples é claro, mas o sistema de saúde atual baseado em édicos, tecnologias (aparatos e remédios) e hospitais e repleto de interessados em ganhar dinheiro com o status quo requer mudança radical, exigindo dos líderes responsáveis uma visão ampla, sistêmica e de longo prazo, envolvendo os homens mais inteligentes e brilhantes com os que se possa contar.
Os sistemas de saúde pública famosos como o do Canadá e de alguns países europeus mostram que é possível ter saúde pública boa e universal dentro de um conceito do bem comum e funciona, mesmo assim é caro (não podemos nos enganar com o slogan de saúde gratuita, todos são sistemas baseados em tributos) e na maioria voltado a médicos, tecnologias (aparatos e remédios) e hospitais. Saúde baseada em alimentação deve ser uma bandeira de governo (amplo e desdobrada dentro e entre as instituições e as camadas do estado) e ao mesmo tempo é uma tremenda de uma oportunidade econômica de mudar o quadro da saúde da população.

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